INTRODUÇÃO:
Uma nova divisão
curricular, a mudança no foco da aprendizagem e o exame de avaliação garantem a
professores e alunos da última fase da Educação Básica uma autonomia inédita.
Aluno novo, escola idem
Ensinar por
competências significa entender que o mundo mudou e as aulas precisam dar conta
disso
Como sintetizar em oito
páginas de revista uma reforma educacional que envolveu centenas de pessoas e
instituições e gerou mais de mil páginas de documentos, discussões acaloradas
em congressos, seminários e simpósios e ainda está dando seus primeiros
passos? É preciso pesquisar documentos, consultar especialistas, transcrever
entrevistas e analisar estatísticas. Isso é só o começo. Depois de criar um
percurso, algumas hipóteses são abandonadas e outras, privilegiadas. Mas ainda
é pouco. O repórter deve mesclar o que já aprendeu em outros trabalhos com
aquilo que é específico deste e definir um plano para sair do labirinto de
informações, números e conceitos com um produto final.
A metáfora acima é
esclarecedora da própria reforma do Ensino Médio. Os 8,2 milhões de brasileiros
que frequentam as 19456 escolas e também os professores desses jovens estão
diante de um enorme contingente de informações, com a responsabilidade de dar
sentido a elas e construir um novo futuro. Tudo porque o mundo vem mudando radicalmente
nas últimas décadas. As relações produtivas se transformaram e exige-se hoje
uma mão-de-obra cada vez mais qualificada, que saiba identificar o que é
realmente relevante para o trabalho qualquer trabalho. Flexibilidade,
articulação, autonomia de pensamento e ação, capacidade de integrar
conhecimentos vindos de várias áreas fazem parte de um conjunto de habilidades
supervalorizadas.
"Precisamos de
gente que pense, tome iniciativas, expresse pensamentos e ideias, saiba ouvir o
outro e trabalhar em grupo." Foi assim que um empresário resumiu, numa
recente reunião no Conselho Nacional de Educação, o que o departamento de
recursos humanos de sua companhia persegue. E a escola tem tudo a ver com isso.
Acabou-se o tempo em que só um ensinava e vários aprendiam, sempre a mesma
coisa do mesmo jeito. É hora de formar pessoas completas, jovens capazes de
viver a própria vida por inteiro. O desafio está colocado. Sai a "linha de
montagem" (ancorada nos livros didáticos), entra em cena uma rede de
relações (baseada no conceito de competências). Em vez de especialistas em
conteúdos, precisamos de pessoas compromissadas com a ideia de que todos
aprendemos sem parar. O que vale é saber como enfrentar os problemas e
superá-los, em casa, no trabalho, no mundo.
Esses são os alicerces
da reforma do Ensino Médio, em vigor desde 1998. O principal deles é o ensino
por competências. "Uma competência é mais do que um conhecimento",
afirma Lino de Macedo, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
(USP) e um dos autores da matriz do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem.
"Ela pode ser explicada como um saber que se traduz na tomada de decisões,
na capacidade de avaliar e julgar." Ao contrário do que muita gente pode
pensar, esse saber articulado ao fazer não é um modismo, garante ele. "A
evolução da tecnologia é definitiva e, infelizmente, mais exclui do que inclui.
Quem não sabe operar um computador, dificilmente consegue emprego",
exemplifica.
Dois rios paralelos
A mudança no cenário
das relações de trabalho encontrou o Ensino Médio brasileiro em meio a uma
histórica crise de identidade. Ele nasceu vinculado ao Ensino Superior e, como
um afluente, só servia para conduzir seus (poucos) navegantes ao leito principal
das faculdades. Em outras palavras, tinha caráter exclusivamente preparatório,
que os especialistas chamam de propedêutico. Havia, sim, uma alternativa: o
ensino profissionalizante, voltado para os mais pobres. Desse segundo afluente
(um pequeno córrego, se comparado ao total da população jovem) fazem parte as
escolas técnicas federais e o chamado "sistema S" (Senai, Senar e
Senac). O problema é que as duas linhas d’água nunca se encontravam, aliás,
reproduzindo nosso trágico abismo social.
Até 1931, quando passou
a ter existência formal autônoma, o Ensino Médio não era sequer condição
necessária para o ingresso numa faculdade. Na época, bastava fazer um curso
preparatório, inclusive em casa. Desde então, foi uma reforma a cada dez anos,
em média. Algumas desastrosas, como a de 1971, que impôs a profissionalização
obrigatória e causou transtornos profundos, principalmente na rede pública.
A Lei de Diretrizes e
Bases (LDB), de 1996, começou a pôr fim a esse caráter dualista. O Ensino Médio
deixou de ser um apêndice do Ensino Superior e juntou-se ao Ensino Fundamental
e à Educação Infantil para formar a Educação Básica. "É uma mudança
considerável e histórica", atesta Carlos Jamil Cury, professor aposentado
da Universidade Federal de Minas Gerais e presidente da Câmara Básica do
Conselho Nacional de Educação. "Histórica porque cria uma identidade para
o que antes era um trampolim; considerável porque, ao adotar a flexibilidade, a
LDB dá condições para que, a médio e longo prazo, as escolas construam edifícios
diversificados sobre uma base comum".
Essa fabulosa
possibilidade consolidou-se em 1998, com a reforma do sistema, expressa na
forma de diretrizes e parâmetros curriculares. As diretrizes propõem,
juntamente com a flexibilidade e a autonomia dadas às escolas para definir um
projeto pedagógico e o currículo propriamente dito, dois conceitos essenciais:
a interdisciplinaridade e a contextualização. Em cima desses dois pilares podem
ser erguidos os "edifícios diversificados". Em outras palavras, cada
grupo de professores tem liberdade para adaptar os conteúdos ao contexto
social, geográfico e econômico do colégio. O mesmo vale para a integração entre
as disciplinas que deve ser feita de acordo com o perfil dos estudantes.
É fácil fazer isso?
Definitivamente não. "Os professores têm décadas de experiência no que
chamo de atuação disciplinar, tanto na condição de alunos como na de
mestres", sintetiza Nilson José Machado, da Faculdade de Educação da USP.
"É compreensível que muitos tenham resistência a trabalhar de forma
interdisciplinar." O mesmo vale para a noção de competência. "Não só
ela não está bem absorvida como também as possibilidades que oferece para a
prática de ensino ainda são pouco conhecidas."
A vez do noturno
Na prática, é
necessário reinventar a escola. Em apenas cinco anos, o número de matrículas no
Ensino Médio cresceu 57,3%, de 5,2 milhões para quase 8,2 milhões. Sim, temos
hoje 3 milhões a mais de jovens estudando. E dois terços do total em escolas
públicas (leia mais no quadro abaixo). O aumento no total de estudantes decorre
de dois fatores principais: a expansão do Ensino Fundamental, com mais gente
concluindo os oito anos de escolaridade, e o grande volume de pessoas que, já
trabalhando, volta à sala de aula em busca de formação e qualificação para
garantir um emprego melhor e um futuro idem. Por essa razão, é cada vez maior
a oferta de turmas no horário noturno, que já responde por 51,3% das vagas
existentes.
Infra-estrutura a
serviço da aprendizagem
Veja quantos alunos têm
acesso a biblioteca, laboratórios e quadras na escola (nas redes pública e
particular)
Esse aluno, que precisa
trabalhar e estudar ao mesmo tempo, tem um projeto de vida muito mais complexo
do que aquele que vive protegido por sua família e, tradicionalmente, era a
clientela do “Ensino Médio", analisa Guiomar Namo de Mello, relatora das
Diretrizes Curriculares Nacionais e diretora executiva da Fundação Victor
Civita, que edita NOVA ESCOLA. Dono de uma autonomia conquistada a duras penas
e, não raro, humilhações, ele possui relações de trabalho, familiares (muitos
têm filhos) e sociais diferenciadas. Por isso, não quer nem pensar na
possibilidade de falhar nos estudos novamente. "Na verdade, esse jovem
conhece na prática a noção de competência, pois precisa exercitar habilidades
para continuar empregado", completa Alcyone Saliba, secretária de Educação
do Paraná. Não é à toa que, no Estado, os professores sejam incentivados a
transformar a experiência profissional da turma em atividades curriculares.
Neste especial, você
vai conhecer um pouco mais sobre as cinco competências básicas que se espera
que o aluno tenha ao terminar o Ensino Médio. E verá, se ainda não descobriu,
como elas estão mais próximas da sala de aula do que parece à primeira vista.
Como trabalhar por
competências
O caminho ideal para
desenvolver os cinco pilares básicos previstos no Enem são os projetos
didáticos
O ensino por
competências é apenas a ponta mais visível de uma mudança radical de conceito.
Esqueça a história de que ir à escola é dever de toda criança e que lá ela vai
encontrar um professor pronto a lhe ensinar conteúdos pré-definidos. O que vale
agora é o direito que todo cidadão tem de aprender. E por aprender entenda-se
não só o currículo, mas a capacidade de construir a própria vida, relacionar-se
com a família, os amigos, os colegas de trabalho. A competência é o que o aluno
aprende. Não o que você ensina.
É por isso que os
projetos didáticos ganham força nesse cenário. Pense em qualquer tipo de
projeto: reciclagem, jornal escolar, criação coletiva de um livro, campanha de
saúde etc. Todos exigem trabalho coletivo, planejamento das etapas, pesquisa em
várias fontes, capacidade de síntese e diferentes técnicas de apresentação. Ou
seja, uma oportunidade para desenvolver diversas competências. "É a melhor
forma de desconstruir a cultura antiga, pois não dá para trabalhar assim só com
uma disciplina", analisa Carlos Jamil Cury, do Conselho Nacional de
Educação. Segundo ele, um bom jeito de começar a mudar é, no início, tocar um
projeto por semestre. Em seguida, dois. Mais tarde, três. "Sem pressa fica
mais fácil criar uma cultura."
O fórum De Escola Para
Escola, do Ministério da Educação, reúne experiências desse tipo.
"Selecionamos trabalhos que partem de situações reais, sempre envolvendo
professores de diferentes disciplinas", explica a diretora de Ensino Médio
do ministério, Maria Beatriz Gomes da Silva. Sofre mais para absorver o novo
conceito quem trabalha só com o livro didático, acredita Eny Maia, secretária
municipal de Educação de São Paulo e coordenadora dos PCN do Ensino Médio.
Segundo ela, "ele impede que o professor pare para refletir sobre os
conceitos básicos da disciplina e, consequentemente, sobre que competências
precisa desenvolver nos alunos". Vire a página e explore as possibilidades
abertas para quem quer ensinar usando as cinco competências avaliadas todo ano
pelo Enem.
São muitas as
linguagens
Ler o mundo significa
mais do que ser capaz de ler um texto. É necessário aprender outras linguagens
além da escrita. Gráficos, estatísticas, desenhos geométricos, pinturas,
desenhos e outras manifestações artísticas, as ciências, as formas de expressão
formais e coloquais tudo deve ser lido e tem códigos e símbolos específicos
de decifração. Quando um aluno está diante de um problema matemático, precisa
ser capaz de interpretar a pergunta para entender que tipo de resposta é
esperada. Idem para quem busca extrair conclusões de uma tabela de censo
demográfico. Se o professor pede para escrever cartas a destinatários
diferentes, o estudante tem de escolher o estilo e o vocabulário adequados a
cada situação.
Viu como ler o mundo é
mesmo fascinante? Essa competência está associada a diversas atividades muito
comuns na escola. Atividades que envolvam a leitura de jornais permitem
desenvolver na turma as habilidades de ler estatísticas, separar a informação
da opinião, usar as informações contidas em tabelas para escrever um texto
dissertativo...
No campo das
manifestações culturais, não é preciso ser artista para saber que o cinema, a
música e a dança exploram linguagens específicas. Compreendê-las é o primeiro
passo para estabelecer relações com o contexto histórico, identificar outras
obras com as quais estabelecem diálogo e a que tipo de tradição se filiam,
entre tantas inferências possíveis.
O filósofo John Stuart
Mill disse certa vez que "o grande problema da vida é fazer
inferências". É exatamente dessa capacidade de articular informações para
concluir um raciocínio ou deduzir um resultado que trata esta competência, a do
domínio das linguagens.
Competência 1
Dominar a norma culta
da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e
científica.
Algumas habilidades:
1) ler e interpretar
textos escritos na língua materna;
2) dominar elementos
gráficos e geométricos, conseguindo interpretar dados;
3) identificar padrões
comuns nos processos que garantem a evolução dos seres vivos;
4) reconhecer os
códigos da linguagem artística e suas relações com o contexto histórico;
5) produzir textos
orais e escritos para diferentes contextos e interlocutores.
Compreender fenômenos
A teoria da seleção
natural das espécies não nasceu do nada na cabeça do naturalista Charles
Darwin. Da mesma forma, não basta ler esse conceito num livro didático para
compreendê-lo. Só criando pontes entre aquilo que Darwin observou em suas
viagens, as pesquisas que realizou e o que se acreditava na época em que ele
vivia conseguimos alcançar suas ideias e perceber o abalo que elas provocaram.
O mesmo se dá na hora de resolver um problema matemático. É essencial usar
conceitos para entender as reais aplicações da Matemática no mundo não usar a
realidade para fazer a turma decorar os conceitos.
Nilson José Machado, da
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, destaca que o professor não
pode perder de vista a ideia de que "a rede do conhecimento está em
constante estado de reconfiguração. Há sempre relações novas, que estão
surgindo, e outras que estão caindo de maduras". Para ele, é importante
que todo educador mostre, ao longo do programa curricular, como sua disciplina
evoluiu. No caso da Matemática, explorando temas que vão do surgimento dos
algarismos até as mais recentes aplicações. No caso de Ciências Naturais,
estabelecendo relações entre o conhecimento dos processos físicos, químicos e
biológicos em relação à linha do tempo. No caso de Ciências Humanas, mostrando
como as grandes transformações acontecem.
Competência 2
Construir e aplicar
conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos
naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das
manifestações artísticas.
Algumas habilidades:
1) aplicar conceitos
para compreender fato natural ou social;
2) entender diferentes
escalas de tempo;
3) articular saberes.
Hora de tomar decisões
A situação-problema
surge quando o professor cria um desafio cuja superação faz com que o aluno
aprenda alguma coisa. É uma maneira de inverter o tradicional sistema de
"transmissão de conhecimento". Em vez de oferecer a resposta certa, o
caminho é fazer a pergunta certa e, com base em algumas coordenadas que ajudem
a situar a questão, incentivar a garotada a encontrar essa resposta certa. Uma
situação-problema típica é o trabalho por projetos didáticos, quando o grupo é
desafiado a empreender algo. Os estudantes partem de algumas informações,
definem um objetivo e traçam um caminho para alcançá-lo. "Muitos de nós,
na escola e fora dela, ficamos rapidamente desinteressados quando recebemos
apenas boas respostas", afirma Lino de Macedo, do Instituto de Psicologia
da USP. "Mas não conheço ninguém que não se sinta motivado diante de um
problema."
Ao coletar informações
em diferentes bancos de dados, como a internet, fontes orais e livros e jornais
da própria biblioteca da escola, extraindo de cada uma o que interessa para a
execução do projeto, o aluno desenvolve operações mentais de altíssimo valor
para a tomada de decisões. Por isso, vale a ressalva. "Existe o risco de
ele se perder diante de tantas fontes de informação", destaca Nilson
Machado, da Faculdade de Educação da USP. "É essencial que se tenha um
mapa de relevâncias capaz de estabelecer o que é importante para aquele
determinado objetivo. Nada é relevante ou irrelevante por si, mas sempre em
relação a um contexto." Fazem parte do conjunto de habilidades ligadas a
essa competência as ações de identificar, caracterizar, relacionar, confrontar,
calcular, prever, analisar, organizar e contextualizar diferentes informações,
extraindo dessas operações a resposta certa ou um produto final, no caso dos
projetos didáticos.
Competência 3
Selecionar, organizar,
relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas,
para tomar decisões e enfrentar situações-problema.
Algumas habilidades:
1) tomar decisões
partindo da análise de dados;
2) dada uma
situação-problema, apresentada numa linguagem de determinada área de
conhecimento, saber relacioná-la com sua formulação em outra linguagem;
3) interpretar com base
em inferências ou conclusões autorizadas pelos dados disponíveis.
Construir argumentos
Não basta ter as
informações certas. É preciso construir argumentos válidos e agir. Isso vale
para a vida, no mundo do trabalho e, claro, na sala de aula. Quando o professor
cria um júri simulado para que os alunos debatam algum tema, faz com que todos
exercitem essa competência, essencial para o exercício da cidadania. Afinal, só
reclama seus direitos quem sabe argumentar a seu favor.
Trabalhos em grupo
exigem dos estudantes intensa capacidade argumentativa e exercitam valores como
tolerância e respeito às diferenças. Tão importante quanto saber argumentar é
ter a capacidade de ouvir. Apresentar duas idéias opostas sobre um tema e pedir
um texto que leve ambos em consideração é mais um ótimo jeito de construir esta
competência que, ao contrário do que supõe uma leitura apressada, não diz
respeito apenas à linguagem oral.
Pegue-se como exemplo a
questão da violência. Ao escrever, o aluno pode dispor de diferentes tipos de
dados para formar sua opinião: estatísticas gerais, levantamentos específicos
segundo a classe social, a geografia e a idade dos agressores ou um balanço
histórico sobre a questão.
Construir argumentação
consistente partindo das informações disponíveis é o cerne desta competência,
que está diretamente ligada à idéia da contextualização do ensino defendida
pela Lei de Diretrizes e Bases. A legislação não dissocia a preparação para o
trabalho da formação geral do educando. Daí a ênfase na necessidade de a escola
dar sentido ao que ensina, estabelecendo ligações entre o conhecimento teórico
e a prática cotidiana.
O texto da reforma do
Ensino Médio defende um "contexto norteador do currículo, já que todos,
independentemente de origem ou destino socioprofissional, devem ser educados na
perspectiva do trabalho". É uma postura integradora, que reconhece e absorve
saberes de fora dos muros escolares para formar cidadãos críticos uma
situação radicalmente diferente daquela velha cultura enciclopédica voltada
para o acúmulo de informações. Nesse novo desenho, o que não é contextualizado
dificilmente vira conhecimento. Como diz o escritor Rubem Alves, "a
memória mora na ação". Ou seja, o que não é usado cai no merecido
esquecimento.
Um aspecto da realidade
da escola diretamente relacionado a esta competência são os grêmios estudantis.
Tidos por muitos educadores como o melhor jeito de manter um foro permanente de
debates e troca de idéias, eles servem para colocar à prova a capacidade
argumentativa da garotada. A começar pela própria campanha pelo comando da
instituição. Só terá chances a chapa que criar propostas e defender pontos de
vista consistentes e convencer os colegas a votar.
Competência 4
Relacionar informações,
representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações
concretas, para construir argumentação consistente.
Algumas habilidades:
1) ser capaz de
articular ideias e ordenar o pensamento, para convencer os outros de
determinado argumento;
2) identificar pontos
de vista diferentes, identificando os pressupostos de cada interpretação;
3) produzir uma linha
de argumentação com base na coleta de informações;
4) defender seu ponto
de vista de maneira consistente e lógica e contra-argumentar possíveis
contestações.
Intervir na realidade
"A própria
essência de uma cultura geral não será preparar os jovens para entender e
transformar o mundo em que vivem?", pergunta Philippe Perrenoud, um dos
nomes mais constantemente associados ao ensino por competências. Na quinta
competência exigida pelo Enem reside o verdadeiro exercício da cidadania. Ela
funciona como o vetor voltado para a sociedade de tudo o que foi aprendido e
exercitado nos três anos do Ensino Médio.
Se a escola ignora o
pressuposto defendido pelo educador suíço, hiperdimensionando os projetos
pessoais, segue o perigoso caminho do culto ao individualismo. O melhor
antídoto é despertar o sentimento de solidariedade por meio de ações concretas
de intervenção na realidade. "Felizmente, essa competência vem sendo
trabalhada de maneira sistemática em todo o país", afirma Eny Maia, secretária
municipal de Educação de São Paulo. "É comum ver projetos que envolvem a
adoção de uma praça ou rio ou o mapeamento do entorno escolar como forma de
conhecer a realidade para depois propor intervenções."
Buscar soluções para
questões de saúde ou urbanismo, visitar orfanatos, asilos e presídios e
participar em festas comunitárias são outros exemplos bem-sucedidos de momentos
de aprendizagem que se cruzam com o exercício da cidadania. Mas atenção. Não
basta agir. É essencial tomar consciência do papel que cada um pode e deve ter
na transformação do mundo. Ou seja, para que esta competência faça sentido, é
preciso antes dominar as outras quatro. A soma faz com que o estudante se torne
preparado para agir. E saia da escola dizendo que ela conseguiu, sim,
prepará-lo para a vida.
Competência 5
Recorrer aos
conhecimentos desenvolvidos na escola para a elaboração de propostas de
intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e
considerando a diversidade sociocultural.
Algumas habilidades:
1) tomar parte em
decisões que influem na vida comunitária;
2) exercer a cidadania
por meio de seus diversos canais (partidos políticos, associações etc.);
3) compreender a
realidade nas suas dimensões social, ética, política e econômica;
4) atuar, de maneira
criativa, na melhoria do mundo em que vivemos.
Quer saber mais?
Ensino Médio, Clarice
Nunes, 147 págs., Ed. DP&A, tel. (0_ _21) 2232-1768, 14 reais
Estrutura e
Funcionamento do Ensino Médio, Nelson Piletti, 207 págs., Ed. Ática, tel.
0800-115152
INTERNET
No site do MEC
(www.mec.gov.br) há um catálogo de produtos de apoio à implementação da reforma
do Ensino Médio, onde se destacam mais de 60 horas de vídeo da série "Como
Fazer?" e o fórum "De Escola Para Escola", com resumos de vários
projetos premiados nos fóruns regionais.
Fonte:
http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/modalidades/especial-ensino-medio-425400.shtml
ATIVIDADE:
Dentro das novas
concepções da educação elabore um plano de aula para alunos do ensino
fundamental e outra para alunos do ensino médio. O plano de aula deve
contemplar:
·
Recursos
didáticos utilizados
·
Metodologia/aplicação
·
Que
os objetivos da aula sejam claro e estejam de acordo com a idade/serie
·
Instrumentos
avaliativos
·
Criatividade
·
Originalidade
SUGESTÃO
DE LEITURA:
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