sexta-feira, 30 de novembro de 2012

CURSO DE ALFABETIZAÇÃO E LINGUÍSTICA: 4 AULA - A LEITURA É A ESCRITA EM CLASSE DE ALFABETIZAÇÃO




INTRODUÇÃO:
LEITURA E ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO
 Terezinha Félix Silva Cruz de DEUS
Professora Especialista da EDUVALE - Professora da Rede Estadual – SEDUC
 e (coordenadora pedagógica)
 ASPECTOS TEÓRICOS

                A importância da leitura na vida do ser humano se nos afigura ponto pacífico , principalmente para quem está envolvido no processo ensino-aprendizagem.
               Com o objetivo de estimular a reflexão sobre essa atividade enriquecedora, mencionaremos aqui dois pontos de vistas de diferentes autoras, sobre o que é ler.
                Segundo Mary E. Pannell   “ a leitura habilita a criança a ver, conhecer e reviver experiências de todos os tipos. Sendo dirigida por normas seguras, oferece rico cabedal de informações, concorre para a ampliação de interesses, prevê a satisfação de necessidades pessoais, alarga o círculo de simpatias, dá maior compreensão da vida e concorre para a formação de idéias que contribuem para o progresso individual e social. Em suma a leitura dá a criança a faculdade de viver uma vida mais rica, mais dilatada e mais completa”.
                Para Iselda Terezinha “ ler é um processo de reconhecimento de palavras em termos de identificar seus correspondentes e estabelecer relações entre o significado , de domínio do alfabeto para saber distribuí-lo de modo a formar palavras, frases, textos”.
                A verdadeira leitura é a interação com o texto , é dialogar com o  autor. É a busca de sentido no que literalmente está escrito e nas lacunas que necessariamente ficam dadas as experiências do autor e do leitor. É algo dinâmico na medida em que o autor pode ter desejado dizer alguma coisa e o leitor pode captar outros aspectos. Esta dinâmica também se revela com relação ao leitor que pode, a cada interação com o texto, construir novos sentidos, ou seja, fazer novas leituras, descobrir outras idéias. Num sentido amplo, portanto “... ler é interpretar, é construir e reconstruir idéias  a partir da interação de qualquer objeto com o  conhecimento . Objeto este expresso através de diferentes veículos e ou linguagem”
                A escola, sendo a entidade que tem a incumbência de ensinar a ler, vem definindo a leitura de modo bastante estático e mecânico. Confunde o processo de ler em um simples reconhecimento de palavras em páginas impressas. Existe uma nítida  separação entre o  mecanismo leitura e o pensamento, reduzindo a leitura a um ato mecânico de decifrar letras.
                É comum a criança ler um texto, podendo –se dizer até que de maneira correta ( pronúncia, pontuação....)  mas se for solicitada para contar ou  falar sobre o texto não sabe. Na verdade esta criança não leu, pois ler não  é decodificar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto.
                O papel da escola por muito tempo foi de fazer com que o aluno adapte a escola - esta é a essência adaptativa da escola, enquanto que a escola deveria levar o aluno a uma transformação .
                Frente a essa realidade há uma forma de linguagem, se na escola enquanto adaptativa, a linguagem será um objeto fixo. E a leitura como uma resposta memorizada.   
                Enquanto que na visão de transformação a linguagem é uma interação através da prática social.
                Dessa forma para tornar viável a leitura como um processo de relação entre o domínio da mecânica e o pensamento, é absolutamente necessário recorrer ao método natural, trazendo a vida da criança para dentro da escola. É preciso repensar o que se está oferecendo à criança , selecionando palavras, frases, textos, histórias que permitam a criança inúmeras experiências , como falar, observar, experimentar, registrar e, principalmente, ver com intensidade e satisfação. É bom lembrar que os primeiros contatos com a leitura são fundamentais para a formação de um bom leitor. Se a leitura for apresentada sob uma forma lúdica, agradável e significativa , assim estará proporcionando o nascimento de um bom e verdadeiro leitor. Ao passo que se a leitura for apresentada e isolada da realidade, não criará hábito de ler, pelo contrário afasta a criança da leitura, pois todo livro lhe trará recordações das experiências negativas que os livros didáticos lhe forneceram.
Para modificar esta situação é necessário que a escola redefina o conceito de leitura. O passo inicial, talvez seja o de retirar as cartilhas pré-fabricadas das salas de aula e colocar a criança em contato com bons livros (literatura infantil) ,  mesmo ainda não sabendo ler. “A criança deve descobrir o prazer pela leitura antes de aprender a ler. Ela precisa querer, sentir a necessidade de decifrar o meio através da leitura”.
Então podemos iniciar o processo de aprendizagem da criança. A leitura e a escrita devem ser encaradas como uma Segunda etapa da aquisição da linguagem e devem dar oportunidade à criança de manifestar a necessidade de mais uma via de compreensão  e expressão de suas idéias, pelo desenvolvimento do pensamento e do vocabulário.
Muitos educadores e, principalmente Piaget, alertam sobre a importância da observação na evolução do pensamento infantil. A criança passa por etapas bastantes definidas , sendo assim devem refletir sobre todas atitudes e atividades da criança, principalmente quando se diz respeito a leitura, que também passa por fases que devem ser observadas antes de pretendermos exigir da criança uma leitura que esteja além ou  aquém de suas capacidades.

Mencionaremos aqui , rapidamente, as fazes e a literatura indicada.
 Primeira fase: vai até aos 3 anos. É o início do reconhecimento da realidade pelo tato. Descoberta de si mesmo e dos outros pela necessidade de contatos afetivos. Para esta fase a literatura indicada s~]ao os livros com muita gravura, pouco texto ou mesmo ausência deste. É importante que a criança “ leia” as gravuras.
Segunda fase:  vai dos 3 aos 6 anos, e é mais conhecida com a fase da fantasia e imaginação. Esta faixa etária, se caracteriza pelo pensamento pré-conceitual dos objetos. A literatura indicada são livros com muitas imagens, complementadas com textos curtos e educativos. As palavras devem corresponder as figuras. Os livros devem abordar situações familiares, contos de animais , contos de faz-de-conta, contos de um mundo animado de poderes fora do comum.
Terceira fase: Vai dos 6 aos 8 anos, caracteriza-se pelo pensamento racional e socialização. É o processo alfabetização. Na literatura adequada a essa fase a imaginação e a realidade devem se fundir. Os livros devem abordar ações e atos que desenvolvam situações de aventura, onde a inteligência e a afetividade sejam os fatores dinamizadores. Histórias alegres, que realcem astúcia , questionamento de valor ultrapassados.
             
Falaremos apenas das 3ª fase pois é a que nos interessa neste estudo, por tratarmos sobre a questão da leitura na alfabetização.
  
COMO ENSINAR A LER
  ALGUMAS SUGESTÕES PARA A ALFABETIZAÇÃO
          A criança desde muito pequena, aprende a reconhecer com facilidade nome de pessoas, animais, objeto de seu ambiente familiar, isto é, reconhece substantivos. Um procedimento natural será o de iniciar o processo da leitura com estes substantivos envolvidos em idéias conhecidas, significativas, concretizáveis, permitindo sua exploração através dos sentidos – ver – ouvir – falar – tocar – cheirar – experimentar.
                Nos primeiros anos de escolaridade da criança, o professor deve insistir, pelo menos, em dois aspectos, o treino e a formação de hábitos concretos de leitura. Por esse motivo, o que tivermos à disposição, deve ser aproveitado para incentivar a criança ler.
·              Avisos e ordens, que comumente são expressos em voz alta, podem ser escritos.
·                Saudações, reforços, perguntas que podem ser escritas em cartazes ou também no quadro de giz.
·                   A criança identifica tudo o que há na sala de aula. Nomeia-as.
·                  O professor, após identificação, explica que todos estes nomes podem ser escritos e lidos.
·                    Junto às crianças, escreve em fichas o nome das “coisas” que citaram. Exemplo: escreve lentamente a palavra porta. Lê a palavra e diz para as crianças indicando a porta: “isto é uma porta. E aqui lemos a palavra porta. Vamos colocar na porta?”. Faz o mesmo com outras palavras.
·                    Colocar os nomes das crianças na classe ou no lugar de guardar o material. As crianças “se desenham” e o professor escreve o nome delas e os distribui de maneira que elas já comecem algumas relações como “meu nome começa que nem o da Tatiane”.
Para facilitar o acesso da criança ao livro, o professor deve:
·                    Organizar um cantinho de leitura na sala de aula com gravuras e pequenos textos. Estimular para que a criança o freqüente, deixando-o manipular o material. O professor lê história no “canto” mostrando a ilustração e permitindo-lhe comentários, perguntas e complementações.
·                    Motivar e criar espaços para a criança narrar fatos do cotidiano e registrar (o professor). Posteriormente o professor lê a “história” da criança.
·                    Dramatizar cenas.
·                    Modelar, recortar ou desenhar os personagens da história.
·                    Visitar a biblioteca.
·                    Escrever o que a criança diz de seus desenhos (estes, inclusive, podem servir como um recurso para a criança ler depois que já domina o mecanismo da leitura, podendo reescrever o que disse).
                    A criança deve ser motivada a ler. Para que ela não perca o interesse, é preciso variar as estratégias apresentando a leitura de diferentes formas para evitar a memorização.
                    Estas são apenas algumas sugestões as quais deverão ser desdobradas sob muitas outras formas, como já foi salientado, o importante é que a criança leia muito, treine o mecanismo da leitura, sem, no entanto, separar o mecanismo da interpretação e compreensão do que se está lendo.


ESCRITA
              A escrita deve surgir do interesse e curiosidade da criança. E esta se manifesta pelo desejo que a criança tem de descobrir, reconhecer e a utilizar os sinais gráficos com que constantemente se depara. Inicialmente, surge a necessidade de decifrar o meio e de se apropriar dos símbolos (palavras – sinais – frases) e, posteriormente, quer utilizar deles reproduzindo-os.
                É importante que a criança saiba qual é o objetivo da escrita – “por que escrevemos?” A escrita é um sistema convencional utilizado pelo homem com a finalidade de se comunicar entre si, registrar suas descobertas, suas histórias e suas idéias e pensamentos. É um meio de expressão e conservação de idéias e pensamentos. E é assim que deve ser encarada. A escrita só tem valor educativo quando a criança já souber o que está escrevendo.
                Muitos pais e professores apressam-se em ensinar a escrita sem se preocupar se realmente aquilo que a criança escreveu foi dominado e compreendido por ela. Educadores querem ver um caderno bonito, com bastantes coisas escritas. E, quando a criança não consegue fazer “aquela” tão almejada letra bonita (o que é muito natural que aconteça, quando a criança não está madura para esta atividade) apressam-se em apresentar-lhe o famoso caderno de caligrafia, onde a saturam, obrigando-a a preencher linhas com palavras vazias de significado e isoladas do processo.

COMPOSIÇÃO CRIADORA
                 Nas séries iniciais, o professor deve estar preocupado em preparar a criança para desenvolver a habilidade de leitura e redação que é a construção de pensamento oral ou escrita. E assim a criança estará desenvolvendo a habilidade de pensar com lógica, objetividade e clareza.
                A composição escrita na alfabetização deve levar a criança a sentir necessidade de expressar seu pensamento espontaneamente como o faz na sua vida diária. Assim antes mesmo da criança dominara escrita, pode ser iniciada na composição. Para tanto, o professor proverá atividades que levem a criança a desejar ver expresso seu pensamento por escrito. Num primeiro momento o professor escreverá o que o aluno ditou e finalmente lerá o que foi escrito. Na segunda fase a criança estará lendo e copiando, numa terceira fase a criança fará suas próprias composições.
                Segundo Eglê Franche a “técnica de redigir deve se iniciar na alfabetização, partindo das experiências dos alunos”. A criança ao entrar para a escola,traz consigo uma bagagem cultural e vivêncial consolidadas em seu meio, que na realidade é desprestigiada e “podadas asas” de sua criatividade, que normalmente acontece nas aulas de comunicação e expressão especialmente nas de redação, em que são propostos temas ou títulos distantes da realidade do aluno.
                Um procedimento comum nas salas de aulas é fazer com que os alunos só escrevam palavras “já dominadas”, isto é, cuja forma ortográfica se supõe que eles conheçam. Isso faz com que grande parte dos alunos, ao escreverem, quase não cometam erros ortográficos (quando erram é, em geral por distração). Entretanto, isso faz também com que os alunos não possam se exprimir livremente, tendo de escrever frases e até histórias usando apenas palavras já dominadas.
                Diante disso, surgem aquelas redações que nada mais são que um conjunto de frases desconexas, às vezes até um número de linhas pré-fixadas pela professora. Salva-se a ortografia das palavras, mas passa-se ao aluno a terrível idéia de que escrever é simplesmente combinar palavras cuja ortografia se conhece. O texto como expressão lingüística do pensamento fica assim deturpado ao se aprender a escrever. Reforçam essa idéia os textos das cartilhas que também são elaboradas com palavras já estudadas antes. Dessa forma revela um método mecanicista de aprendizagem que dispensa a reflexão do aluno e inibe a curiosidade e a procura da novidade ao tratar a escrita.
                Uma outra estratégia de ensino, e muito melhor é admitir que os alunos, no início, sabem falar, muito bem,  sua língua e a usam com propriedade, e que, portanto, tal capacidade, pode e deve ser transportada diretamente para a escrita. Aconteceu, porém, que isso esbarra numa dificuldade que é a forma ortográfica imprevisível de muitas palavras que os alunos nunca estudou. Contudo, se os alunos, após os primeiros contatos com o alfabeto e com algumas famílias de letras e a escrita de umas poucas palavras forem estimulados a escrever suas histórias espontaneamente, guiados pela semântica, pelo enredo e tentando escrever as palavras que precisa segundo as possibilidades de uso das palavras ou letras no sistema ortográfico da língua, certamente irão cometer erros de ortografia, mas passarão suas habilidades falantes aos textos escritos. Obviamente se pedirá também que cuidem da ortografia mas que não se amedrontem ao escrever se não souberem, porque é possível escrever português, por exemplo, sem ser na forma ortográfica.           
                Esses alunos vão perceber logo que a ortografia é algo diferente do simples ato de escrever palavras do português e que pára se sair bem ou se sabe como escrever ortograficamente uma palavra, ou se pergunta.  Cada tentativa pode produzir escrita, mas não necessariamente a forma ortográfica. Esses procedimentos ajuda a auto-correção dos alunos, estimula a curiosidade pelas formas ortográficas sem trazer frustrações e faz com que os alunos expressem por escrito textos, linguístico e literariamente perfeitos.

 CONCLUSÃO
             A iniciativa do professor no sentido de variar as estratégias para a obtenção de recursos para ampliação dos conhecimentos trazidos pelas crianças é de suma importância, pois esse trabalho de leitura e escrita na alfabetização não é fácil, ao passo que trabalhamos com crianças oriundas de realidades diferentes. Mas é um trabalho gratificante.
            O ensino da leitura e da escrita, embora tendo sido trabalhado separadamente neste trabalho, é realizado simultaneamente. Não há como separar a leitura da escrita na aprendizagem.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

FEIL, Iselda Teresinha Sausem. Alfabetização: um desafio novo para um novo tempo. 8ª ed. Vozes, Petrópolis.
FRANCHI, Egle. E as crianças eram difíceis: a redação na escola. São Paulo, Martins Fontes. 1985.
MARCOZZI, Alayde Madeira & DORNELLES, Leny Werneck, Ensinando a criança. Livro técnico. Rio de Janeiro. 1985.
PENNELL, Mary E. Como se ensina a Leitura. Porto Alegre, Mercado Aberto. 1986.
 SILVA,Ezequiel T. Leitura & realidade Brasileira.Porto Alegre, Mercado aberto.1986.
------De olhos abertos. Reflexão sobre o desenvolvimento da Leitura no Brasil. São Paulo, Atica. 1991.
NOVA ESCOLA, São Paulo. Abril. 

ATIVIDADE:                                                                                                                     
Preparar uma aula para classe de alfabetização que envolva leitura e escrita.
O planejamento deve contemplar:

·       Quais os recursos didáticos utilizados
·       Metodologia/aplicação – Justifique a escola do método.
·       Que os objetivos da aula sejam claro e estejam de acordo com a idade/serie
·       Instrumentos avaliativos
·       Criatividade
·       Originalidade

SUGESTÃO DE LEITURA:

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