quinta-feira, 29 de novembro de 2012

CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL: 4 AULA - EDUCAÇÃO INCLUSIVA: CORPO MOVIMENTO E SEXUALIDADE




EMENTA:
Sexualidade: tema para a educação inclusiva. Expressão corporal e desenvolvimento da afetividade dos portadores de necessidades especiais como estratégia de inclusão educacional.

ATIVIDADE:
Analisar o caso de Luciene, portadora de Síndrome de Down em seguida faça um relatório comentado o comportamento de Luciene e quais as dificuldades encontradas pelos professores. No mínimo 3 laudas.

Descrição do caso
Por: Cláudia Dias Prioste
Psicóloga, psicanalista, doutoranda em Psicologia e Educação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. claudiaprioste@globo.com

Luciane é uma adolescente de dezesseis anos portadora de Síndrome de Down. Frequentava a escola há seis anos, estava cursando a quarta série, e fora incluída na sala regular após passar alguns anos na classe especial. A turma de Luciane possuía três professoras de diferentes disciplinas. De um modo geral, as três demonstravam contrariedade com a inclusão da aluna na sala regular, pois acreditavam que Luciane estaria mais feliz no agrupamento dos especiais. A professora Sandra desabafa: "me angustia hoje o caso da Luciane porque para mim ela foi tirada de um lugar que estaria mais feliz, mais realizada do que na minha sala".
É possível observar que a inclusão de Luciane causou incômodo nas professoras que se queixavam do que a aluna não fazia ou do que ela faz demais, se incomodavam com o que faltava e com o que excedia. Explico-me, em relação ao que faltava, a queixa era: "ela não faz nada. Fica parada, ociosa", ou seja, lhe falta iniciativa, interesse, capacidade para aprender. Quanto aos excessos, queixavam-se do riso alto e da sexualidade "exacerbada".
Maria Lucia, professora de Luciane em anos anteriores, reclamava que ela ria excessivamente: "Eu via a risada dela, não é risada, é gargalhada. Ela ria muito, muito alto, são gargalhadas longas.... Aquilo acontecia com muita frequência, e os alunos davam risada e virava tudo uma grande festa". Já a professora Margarida, atual professora, se incomodava com a sexualidade de Luciane: "Eu tenho percebido que ela está com a sexualidade aguçada, aflorada. Ela mostra os seios". Ao levantar a blusa, Luciane atraía a atenção dos colegas, provocando euforia no grupo e causando tumulto na sala.
Durante a exposição do caso, outra professora relatou que antes de Luciane entrar naquele grupo, os alunos já apresentavam curiosidades sexuais.Segundo ela: "a classe tinha problemas com esta parte, a curiosidade deles é mais aflorada que o normal". Os demais professores concordaram com ela, ressaltando que a faixa etária do grupo, entre onze e treze anos, contribuía para que o tema da sexualidade estivesse em pauta. As professoras ressaltavam a importância de trabalhar conteúdos referentes à sexualidade com as terceiras e quartas séries, visto que esse tema está indicado nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs.
Na rodada de sugestões, a professora Raquel sugeriu a Margarida que discutisse o tema na reunião de pais, e depois conversasse com os alunos. Margarida, temerosa, se opôs, alegando não estar preparada para tratar desse assunto com seus alunos: "eu acho que eu não aceito muito". Além disso, temia ser repreendida pelos pais: "Veja, já tivemos casos seríssimos dentro deste assunto... foram até na delegacia processar o professor ... e tem até pais que agrediram o professor".
A professora Marta insiste para que Margarida converse com seus alunos, deixando Luciane fora dessa conversa para que ela não se sentisse "muito fragilizada ali no meio". Alguns professores concordaram, outros discordaram.
Margarida, reforçando que não se sentia preparada para tratar do assunto, sugeriu que a escola convidasse um palestrante especialista que pudesse oferecer orientações aos pais e aos alunos. Essa opção foi imediatamente aceita pelos demais colegas, que ressaltaram as dificuldades e riscos que se corre ao trabalhar o tema sexualidade na escola.
Outra professora sugeriu que o tema fosse trabalhado, primeiramente, com os professores, a fim de que estes fossem preparados para tratar do assunto junto aos alunos.
As sugestões levantadas pelos docentes foram discutidas na reunião seguinte com a coordenação. Esta concordou com a necessidade de trabalhar as questões relativas à sexualidade na escola, contudo, afirmou que aquele não era o momento adequado, por estar próximo ao fim do ano.

SUGESTÃO DE LEITURA:


REFERENCIAS:
Dolto, F. (2004). A causa dos adolescentes. Aparecida-SP: Ideias e Letras.
Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual – GTPOS. (1994). Guia de orientação sexual, diretrizes e metodologia. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Kupfer, M. C. & Petri, R. (2000, 2º semestre). Por que ensinar a quem não aprende? Estilos da ClínicaRevista sobre a Infância com Problemas. 5(9) 119-117.
Lajonquière, L. (1999). Infância e ilusão (psico) pedagógica (3a ed.). São Paulo: Vozes.
MEC – Ministério da Educação e Cultura. (1997). Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultura, orientação sexual. Secretaria da Educação Fundamental: Brasília.
Millot, C. (1987). Freud antipedagogo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
Raiça, D.; Machado, M. L. & Prioste, C. (2006). Dez questões sobre educação inclusiva da pessoa com deficiência mental. São Paulo: Avercamp.
Unesco Ministry of Education and Science. (june 1994). Final report on the world conference on special needs education: access and quality (pp. 7-10). Salamanca.

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