EMENTA:
Sexualidade: tema para a educação inclusiva.
Expressão corporal e desenvolvimento da afetividade dos portadores de
necessidades especiais como estratégia de inclusão educacional.
ATIVIDADE:
Analisar o caso de
Luciene, portadora de Síndrome de Down em seguida faça um relatório comentado
o comportamento de Luciene e quais as dificuldades encontradas pelos professores.
No mínimo 3 laudas.
Descrição do caso
Por: Cláudia
Dias Prioste
Psicóloga, psicanalista, doutoranda
em Psicologia e Educação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. claudiaprioste@globo.com
Luciane
é uma adolescente de dezesseis anos portadora de Síndrome de Down. Frequentava
a escola há seis anos, estava cursando a quarta série, e fora incluída na sala
regular após passar alguns anos na classe especial. A turma de Luciane possuía
três professoras de diferentes disciplinas. De um modo geral, as três
demonstravam contrariedade com a inclusão da aluna na sala regular, pois
acreditavam que Luciane estaria mais
feliz no agrupamento dos especiais. A professora Sandra
desabafa: "me angustia
hoje o caso da Luciane porque para mim ela foi tirada de um lugar que estaria
mais feliz, mais realizada do que na minha sala".
É possível observar que a inclusão
de Luciane causou incômodo nas professoras que se queixavam do que a aluna não
fazia ou do que ela faz demais, se incomodavam com o que faltava e com o que
excedia. Explico-me, em relação ao que faltava, a queixa era: "ela não faz nada. Fica
parada, ociosa", ou
seja, lhe falta iniciativa, interesse, capacidade para aprender. Quanto aos
excessos, queixavam-se do riso alto e da sexualidade "exacerbada".
Maria Lucia, professora de Luciane
em anos anteriores, reclamava que ela ria excessivamente: "Eu via a risada dela, não é
risada, é gargalhada. Ela ria muito, muito alto, são gargalhadas longas....
Aquilo acontecia com muita frequência, e os alunos davam risada e virava tudo
uma grande festa". Já a
professora Margarida, atual professora, se incomodava com a sexualidade de
Luciane: "Eu tenho
percebido que ela está com a sexualidade aguçada, aflorada. Ela mostra os
seios". Ao levantar a
blusa, Luciane atraía a atenção dos colegas, provocando euforia no grupo e
causando tumulto na sala.
Durante a exposição do caso, outra
professora relatou que antes de Luciane entrar naquele grupo, os alunos já
apresentavam curiosidades sexuais.Segundo ela: "a classe tinha problemas com
esta parte, a curiosidade deles é mais aflorada que o normal". Os demais professores concordaram
com ela, ressaltando que a faixa etária do grupo, entre onze e treze anos,
contribuía para que o tema da sexualidade estivesse em pauta. As professoras
ressaltavam a importância de trabalhar conteúdos referentes à sexualidade com
as terceiras e quartas séries, visto que esse tema está indicado nos Parâmetros
Curriculares Nacionais – PCNs.
Na rodada de sugestões, a
professora Raquel sugeriu a Margarida que discutisse o tema na reunião de pais,
e depois conversasse com os alunos. Margarida, temerosa, se opôs, alegando não
estar preparada para tratar desse assunto com seus alunos: "eu acho que
eu não aceito muito". Além disso, temia ser repreendida pelos pais:
"Veja, já tivemos casos seríssimos dentro deste assunto... foram até na
delegacia processar o professor ... e tem até pais que agrediram o professor".
A professora Marta insiste para que
Margarida converse com seus alunos, deixando Luciane fora dessa conversa para
que ela não se sentisse "muito fragilizada ali no meio".
Alguns professores concordaram, outros discordaram.
Margarida, reforçando que não se
sentia preparada para tratar do assunto, sugeriu que a escola convidasse um
palestrante especialista que pudesse oferecer orientações aos pais e aos
alunos. Essa opção foi imediatamente aceita pelos demais colegas, que
ressaltaram as dificuldades e riscos que se corre ao trabalhar o tema
sexualidade na escola.
Outra professora sugeriu que o tema
fosse trabalhado, primeiramente, com os professores, a fim de que estes fossem
preparados para tratar do assunto junto aos alunos.
As sugestões levantadas pelos
docentes foram discutidas na reunião seguinte com a coordenação. Esta concordou
com a necessidade de trabalhar as questões relativas à sexualidade na escola,
contudo, afirmou que aquele não era o momento adequado, por estar próximo ao
fim do ano.
SUGESTÃO
DE LEITURA:
REFERENCIAS:
Dolto, F. (2004). A causa dos adolescentes.
Aparecida-SP: Ideias e Letras.
Grupo
de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual – GTPOS. (1994). Guia de orientação sexual, diretrizes e
metodologia. São
Paulo: Casa do Psicólogo.
Kupfer,
M. C. & Petri, R. (2000, 2º semestre). Por
que ensinar a quem não aprende? Estilos
da Clínica – Revista
sobre a Infância com Problemas. 5(9)
119-117.
Lajonquière,
L. (1999). Infância
e ilusão (psico) pedagógica (3a
ed.). São Paulo: Vozes.
MEC
– Ministério da Educação e Cultura. (1997). Parâmetros
Curriculares Nacionais: pluralidade cultura, orientação sexual.
Secretaria da Educação Fundamental: Brasília.
Millot,
C. (1987). Freud antipedagogo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor.
Raiça,
D.; Machado, M. L. & Prioste, C. (2006). Dez
questões sobre educação inclusiva da pessoa com deficiência mental.
São Paulo: Avercamp.
Unesco
Ministry of Education and Science. (june 1994). Final
report on the world conference on special needs education: access and quality (pp. 7-10). Salamanca.
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