sexta-feira, 30 de novembro de 2012

CURSO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA: 5 AULA - ASPECTOS DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL


INTRODUÇÃO:

LITERATURA INFANTIL E A FORMAÇÃO DO SUJEITO
A Literatura Infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde sonhos e a vida prática; o imaginário e o real; os ideais e suas possível realização. Nelly Novaes Coelho
A Literatura Infantil possui características especiais, representa o homem, o mundo, a sua vida por meio da palavra. Além de informação, leva ao encontro da criança um mundo encantado de sonhos e fantasias, onde esta, com sua interpretação, ouvindo ou lendo histórias, imagina e vivencia o mundo ficcional, buscando soluções de possíveis problemas, resolvendo os seus conflitos, uma vez que a literatura está cercada de emoções, sentimentos, fantasias e realidades, magia, beleza, descobertas, alegria e prazer. Fazendo uso desses aspectos, a literatura, trabalhada nesse sentido em sala de aula, de prazer, favorece o desenvolvimento integral da criança.
Como forma de arte, o texto literário tem o poder de representar o real, o palpável, e o real imaginário da criança, desenvolvendo aspectos afetivos e intelectuais, condições de elaborar significativamente os fatos da realidade e interar-se com ela, compreendendo-a e atuando nela de maneira crítica e criativa. Desta maneira, a literatura cumpre um duplo papel: possibilita a apreensão do real e as emoções que o mesmo provoca, bem como incentiva a própria prática da escrita.
O contato inicial com a literatura não exige o domínio de código escrito. A experiência pré-escolar, geralmente, põe na bagagem infantil narrativas orais clássicas e populares, trava-línguas, adivinhas, contos, e tantas outras manifestações ricas em ludismo sonoro e semântico. Desse modo, a literatura proporciona reorganizar as percepções de mundo e, assim, ordenar experiências já existentes. Convivendo com textos literários a criança desenvolve sua formação intelectual do senso crítico e adquire o hábito da leitura. Quando isso acontece, ela passa a escrever melhor e sua escrita contém mais informações e novas possibilidades reais, sociais, políticas e educacionais.
Na leitura a criança é atraída pela curiosidade, pelo formato, manuseio e pelas possibilidades emotivas que o livro pode ter. A magia encontrada escondida nas páginas dos livros pode estimular, no pequeno leitor, a descoberta e o aprimoramento da linguagem, desenvolvendo a capacidade de comunicação com o mundo. Esses primeiros contatos despertam na criança o desejo de concretizar o ato de ler o texto escrito, facilitando o processo de alfabetização. A possibilidade de que essa experiência sensorial ocorra será maior quanto mais freqüente for o contato da criança com o livro.
O educador comprometido com a formação de bons leitores é aquele que está em constante busca do aprender, de conhecer as diversas áreas do conhecimento e trabalhar através da interdisciplinaridade.
No início dos tempos, o maravilhoso foi a fonte misteriosa e privilegiada onde nasceu a Literatura. Desses contos surgiram personagens incríveis capazes de sofrerem metamorfoses e contínuos desafios às leis da gravidade. Enfrentam as forças do bem e do mal, enfim, as narrativas maravilhosas decorrem do mundo da magia, fantasia, sonho, onde tudo é possível, castelos encantados, lâmpadas mágicas, anões e gigantes. A área do maravilhoso, da fábula, dos mitos e das lendas tem linguagem metafórica que se comunica facilmente com o pensamento mágico, natural das crianças.
Entre as formas literárias mais importantes, vindas dos tempos remotos, e que se transformaram em Literatura Infantil estão as narrativas de acontecimentos ou aventuras que se passam no mundo mágico ou maravilhoso, espaço fora da realidade comum em que vivemos, e os fenômenos não obedecem as leis naturais que nos regem. (COELHO, 1993, p.153)
O maravilhoso é um dos elementos mais importantes na literatura destinada à criança. Através dele, o prazer, as emoções que as histórias e seus personagens trazem para o público infantil, proporcionam o simbolismo, que está implícito na história e, vai agir no seu inconsciente, auxiliando na resolução dos conflitos interiores normais nas diferentes fases do seu desenvolvimento.
Segundo estudos da psicanálise, os significados simbólicos do maravilhoso estão ligados aos dilemas que o ser humano enfrenta ao longo do seu amadurecimento intelectual e emocional. É durante essa fase que surge a necessidade da criança impor a sua vontade e a sua independência em relação ao poder dos pais ou à rivalidade com os irmãos ou amigos. Ainda, afirma-se que a criança é levada a identificar-se com o herói bom e belo, não devido à sua beleza ou bondade, mas por sentir nele a própria personificação dos seus problemas. Nesse sentido, a Literatura Infantil funciona como um suporte que irá ajudar a criança a superar o medo de enfrentar as ameaças e perigos que ela sente à sua volta e a compreender alguns valores de uma forma lúdica e prazerosa.
Em nosso país, infelizmente, temos poucas bibliotecas e livrarias, sendo que o acesso aos livros é a minoria da população que têm devido aos custos serem altos. Assim sendo, ainda é baixo o número de leitores que possuem o habito de ler, que conseguem interagir com o autor compreendendo a mensagem do texto.
Para Ricardo Azevedo (2005), nesse contexto, a escola passa a ser o espaço mais importante, onde se dá a mediação da leitura e a formação do leitor. É na escola que aprendemos e carregamos a maior parte dos conhecimentos e informações sobre as diversas áreas do conhecimento, inclusive sobre a formação humana, que é essencial para a realização pessoal e profissional de todo indivíduo. Assim, a leitura e a escrita se fazem presentes com o objetivo de desenvolver o pensar crítico e também oportuniza cada ser humano aprender a se conhecer.

ATIVIDADES:
Leia essa reportagem: Principal função da literatura infantil ultrapassa aspectos de ordem didáctica no site: http://jornaldeangola.sapo.ao/17/0/principal_funcao_da_literatura_infantil_ultrapassa_aspectos_de_ordem_didactica e comente se existe diferença entre Brasil e Angola sobre questões relacionadas à literatura infantil. Justifique sua opinião, lembrando que deve embasar seu pensamento em algum teórico (leituras sugeridas e referências).  No mínimo 2 laudas

SUGESTÃO DE LEITURAS:


SUGESTÃO DE VIDEOS:


REFERÊNCIAS:
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosura e Bobices. Edit. Scipione 2º
Ed. São Paulo 1991.
AGUIAR, Vera Teixeira. Era uma vez... na escola – formando educadores para formar leitores. Belo Horizonte: Editorial, 2001.
BORDINI, Maria da Glória. A literatura infantil nos anos 80. In: SERRA, Elizabeth D’Ângelo (Org). 30 anos de literatura para crianças e jovens: algumas leituras.
Campinas - São Paulo. Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1998.
BRASIL. Ministério da educação e do desporto. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília, DF, 1998.
CARVALHO, Barbara Vasconcelos. Literatura Infantil: Visão histórica e critica. 2º
Ed. São Paulo, Ática, 1982.
COELHO, Nelly Novais. Literatura Infantil: Teoria Análise Didática. Edit. Moderna, 1º Ed. São Paulo 2000.
DELGADO, Jaqueline. (Et All) Instrumentação do trabalho pedagógico na educação Infantil. Londrina: Unopar, 2008.
DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho. São Paulo: Cortez, 2003.
GÓES, Lúcia Pimentel. Olhar de descoberta: Proposta analítica de livros que concentram várias linguagens. São Paulo: Paulinas, 2003.
LAJOLO, Marisa & ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil Brasileira: História e
Histórias. 6° Ed. São Paulo: Ática, 2004.
KAERCHER, Gládis. E por falar em literatura... In: CRAIDY, Carmem Maria;
KAERCHER, Gládis, E.P.S (Org.). Educação Infantil: pra que te quero? Porto
Alegre: Artmed, 2001.
LAJOLO, M.; ZILBERMAN, R. Literatura infantil brasileira: história e histórias. 6. ed. São Paulo: Ática, 1999. p. 18-23.
PIAGET, A epistemologia genética: sabedoria e ilusões da filosofia: Problemas da psicologia genética. São Paulo: Abril \ cultural, 1978.
PIAGET, J.O nascimento da Inteligência na Criança. Tradução de Álvaro Cabral e
Cristiane Monteiro Oiticica. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
SANDRONI, Laura. De Lobato à Década de 70. SERRA, Elizabeth. 30 anos de
Literatura para Crianças e Jovens: Algumas Leituras. Campinas, SP: Mercado
de Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1998.
SILVA, Maria Betty. Contar Histórias Uma arte sem idade. 7° Ed. São Paulo: Ática,
1997.
TAPAJÓS, R. A infância acabou. São Paulo: Ática, 1996
ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 6º Ed.
1987.


CURSO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA: 4 AULA - A TEORIA DA NARRATIVA E O CONTO CONTEMPORÂNEO




Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo.
Michel Foucault

INTRODUÇÃO:
Elementos básicos da narrativa:
Fato - o que se vai narrar (O quê?)
Tempo - quando o fato ocorreu (Quando?)
Lugar - onde o fato se deu (Onde?)
Personagens - quem participou ou observou o ocorrido (Com quem?)
Causa - motivo que determinou a ocorrência (Por quê?)
Modo - como se deu o fato (Como?)
Conseqüências (Geralmente provoca determinado desfecho)
A modalidade narrativa de texto pode constituir-se de diferentes maneiras: piada, peça teatral, crônica, novela, conto, fábula etc.
Uma narrativa pode trazer falas de personagens entremeadas aos acontecimentos, faz-se uso dos chamados discursos: direto, indireto ou indireto livre.
No discurso direto, o narrador transcreve as palavras da própria personagem. Para tanto, recomenda-se o uso de algumas notações gráficas que marquem tais falas: travessão, dois pontos, aspas. Mais modernamente alguns autores não fazem uso desses recursos.
O discurso indireto apresenta as palavras das personagens através do narrador que reproduz uma síntese do que ouviu, podendo suprimir ou modificar o que achar necessário. A estruturação desse discurso não carece de marcações gráficas especiais, uma vez que sempre é o narrador que detém a palavra. Usualmente, a estrutura traz verbo dicendi (elocução) e oração subordinada substantiva com verbo num tempo passado em relação à fala da personagem.
Quanto ao discurso indireto livre, é usado como uma estrutura bastante informal de colocar frases soltas, sem identificação de quem a proferiu, em meio ao texto. Trazem, muitas vezes, um pensamento do personagem ou do narrador, um juízo de valor ou opinião, um questionamento referente a algo mencionado no texto ou algo parecido. Esse tipo de discurso é o mais usado atualmente, sobretudo em crônicas de jornal, histórias infantis e pequenos contos.


ATIVIDADE:

A partir da leitura dos textos http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1576196, elabore um conto com no mínimo 2 laudas (tema livre).


SUGESTÃO DE LEITURAS:




SUGESTÃO DE VIDEOS:



REFERÊNCIAS:

ARRIGUCCI Jr., Davi. Teoria da narrativa: posições do narrador. In: Jornal de Psicanálise 57, 1998.
REIS, Carlos; LOPES, Ana Cristina M. Dicionário de Teoria da Narrativa. São Paulo. Ática, 1988
NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. São Paulo: Ática, 1988.
KIEFER, Charles. A poética do conto: de Poe a Borges, um passeio pelo gênero. São Paulo: Leya, 2011.
REIS, Carlos. O conhecimento da literatura. Lisboa: Presença, 2002.
WOOD, James. Como funciona a ficção. Trad. de Denise Bottmann. S. Paulo: Cosac Naify, 2011.

CURSO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA: 3 AULA - ELEMENTOS DA ANALISE DO DISCURSO



INTRODUÇÃO:

O discurso é “um lugar de investimentos sociais, históricos, ideológicos, psíquicos, por meio de sujeitos interagindo em situa­ções concretas” (CARDOSO 2005, p.21). Para Orlandi (2005, p.85) ”[...] o discurso é feito de sentido entre locutores [...]. 

A Análise do Discurso é uma prática da linguística no campo da Comunicação, e consiste em analisar a estrutura de um texto e a partir disto compreender as construções ideológicas presentes no mesmo.
O discurso em si é uma construção linguística atrelada ao contexto social no qual o texto é desenvolvido. Ou seja, as ideologias presentes em um discurso são diretamente determinadas pelo contexto político-social em que vive o seu autor. Mais que uma análise textual, a análise do Discurso é uma análise contextual da estrutura discursiva em questão.
Michel Foucault  descreveu a Ordem do Discurso como uma construção de características sociais. A sociedade que promove o contexto do discurso analisado é a base de toda a estrutura do texto, atrelando, deste modo, todo e qualquer elemento que possa fazer parte do sentido do discurso. O texto só pode assim ser chamado se o seu receptor for capaz de compreender o seu sentido, e isto cabe ao autor do texto e à atenção que o mesmo der ao contexto da construção de seu discurso. É a relação básica para a existência da comunicação verbal: emissão – recepção – compreensão.
As práticas discursivas geram também outros âmbitos de análise do discurso, como o Universo de Concorrências, que consiste na competição entre vários emissores para atingir um mesmo público alvo. A partir disto, os emissores precisam interar-se do contexto da vida do seu receptor, para que deste modo possam interpelá-lo segundo sua própria ideologia, fazendo com que assim, sua mensagem seja recebida e assimilada pelo receptor sem que o mesmo perceba que está sendo alvo de uma tentativa de convencimento, por assim dizer.
Dentro da análise do Discurso há também o discurso estético, feito por meio de imagens, e que interpelam o indivíduo através de sua sensibilidade, que está ligada ao seu contexto também. A sensibilidade de um indivíduo define-se a partir do que ao longo de sua vida torna-se importante e aguça-lhe sentimentos. Com isto, podemos analisar as artes produzidas em diferentes épocas da história em todo o mundo e perceber as diferentes formas de interpelação e contextualidade presentes nas mesmas. O discurso estético tem a mesma capacidade ideológica que o discurso verbal, com a vantagem de atingir o indivíduo esteticamente, o que pode render muito mais rapidamente o sucesso do discurso aplicado.
A partir na análise de todos os aspectos do discurso chega-se ao mais importante: o sentido. O sentido do discurso não é fixo, por vários motivos. Pelo contexto, pela estética, pela ordem do discurso, pela sua forma de construção. O sentido do discurso encontra-se sempre em aberto para a possibilidade de interpretação do seu receptor. O efeito do discurso é, claramente, transmitir uma mensagem e alcançar um objetivo premeditado através da interpretação e interpelação do indivíduo alvo.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Análise_do_Discurso
http://www.duplipensar.net/artigos/2007s1/notas-introdutorias-analise-do-discurso-fundamentos.html
http://www.discurso.ufrgs.br/


ATIVIDADE:
Casal é tudo igual
Luís Fernando Veríssimo
Ele: - Alô?
Ela: - Pronto.
Ele: - Voz estranha… Gripada?
Ela: - Faringite.
Ele: - Deve ser o sereno. No mínimo tá saindo todas as noites pra badalar.
Ela: - E se estivesse? Algum problema?
Ele: - Não, imagina! Agora, você é uma mulher livre.
Ela: - E você? Sua voz também está diferente. Faringite?
Ele: - Constipado.
Ela: - Constipado? Você nunca usou esta palavra na vida.
Ele: - A gente aprende.
Ela: - Tá vendo? A separação serviu para alguma coisa.
Ele: - Viver sozinho é bom. A gente cresce.
Ela: - Você sempre viveu sozinho. Até quando casado só fez o que quis.
Ele: - Maldade sua, pois deixei de lado várias coisas quando a gente se casou.
Ela: - Evidente! Só faltava você continuar rebolando nas discotecas com as amigas.
Ele: - Já você não abriu mão de nada. Não deixou de ver novela, passear no shopping, comprar jóias, conversar ao telefone com as amigas durante horas…
… Silêncio ….
Ela: - Comprar jóias? De onde você tirou essa idéia? A única coisa que comprei em quinze anos de casamento foi um par de brincos.
Ele: - Quinze anos? Pensei que fosse bem menos.
Ela: - A memória dos homens é um caso de polícia!
Ele: - Mas conversar com as amigas no telefone…
Ela: - Solidão, meu caro, cansaço… Trabalhar fora, cuidar das crianças e ainda preparar o jantar para o HERÓI que chega à noite…Convenhamos, não chega a ser uma roda-gigante de emoções…
Ele: - Você nunca reclamou disso.
Ela: - E você me perguntou alguma vez?
Ele: - Lá vem você de novo… As poucas coisas que eu achava que estavam certas… Isso também era errado!?
Ela - Evidente, a gente não conversava nunca…
Ele: - Faltou diálogo, é isso? Na hora, ninguém fala nada. Aparece um impasse e as mulheres não reclamam. Depois, dizem que faltou diálogo. As mulheres são de Marte.
Ela: - E vocês são de Saturno!
…Silêncio…
Ele
: - E aí, como vai a vida?
Ela: - Nunca estive tão bem. Livre para pensar, ninguém pra me dizer o que devo fazer…
Ele: - E isso é bom?
Ela: - Pense o que quiser, mas quinze anos de jornada são de enlouquecer qualquer uma.
Ele: - Eu nunca fui autoritário!
Ela: - Também nunca foi compreensivo!
Ele: - Jamais dei a entender que era perfeito. Tenho minhas limitações como qualquer mortal..
Ela: - Limitado e omisso como qualquer mortal.
Ele: - Você nunca foi irônica.
Ela: - Isso a gente aprende também.
Ele: - Eu sempre te apoiei.
Ela: - Lógico. Se não me engano foi no segundo mês de casamento que você lavou a única louça da tua vida. Um apoio inestimável…
Sinceramente, eu não sei o que faria sem você. Ou você acha que fazer vinte caipirinhas numa tarde para um bando de marmanjos que assistem ao jogo da Copa do Mundo era realmente o meu grande objetivo na vida?
Ele: - Do que você está falando?
Ela: - Ah, não lembra?
Ele: - Ana, eu detesto futebol.
Ela: - Ana!? Esqueceu meu nome também? Alexandre, você ficou louco?
Ele: - Alexandre? Meu nome é Ronaldo! …Silêncio…
Ele: - De onde está falando?
Ela: - 578 9922
Ele: - Não é o 579 9222?
Ela: - Não.
Ele: - Ah, desculpe, foi engano.
Depois de um tempo ambos caem na gargalhada.
Ele: Quer dizer que você faz uma ótima caipirinha, hein?
Ela: - Modéstia à parte… Mas não gosto, prefiro vinho tinto.
Ele: - Mesmo? Vinho é a minha bebida preferida!
Ela: - E detesta futebol?
Ele: - Deus me livre… 22 caras correndo atrás de uma bola… Acho ridículo!
Ela: - Bem, você me dá licença, mas eu vou preparar o jantar.
Ele: - Que pena… O meu já está pronto. Risoto, minha especialidade!
Ela: - Mentira! É o meu prato predileto…
Ele: - Mesmo! Bem, a porção dá pra dois, e estou abrindo um Chianti também.Você não gostaria de…
Ela: - Adoraria!
….Ele dá o endereço.
Ela: - Nossa, tão pertinho! São dois quarteirões daqui.
Ele: - Então? É pegar ou largar.
Ela: - Tô passando aí, Ronaldo.
Ele: - Combinado, vizinha.


De acordo com sua leitura, responda:
Um homem e uma mulher conversam ao telefone.

1 -Pelo clima da conversa, como parece ser o relacionamento entre eles?
2- À medida que o casal conversa, eles começam a estranhar o comportamento um do outro.
a- Exemplifique esse comportamento estranho.
3- “Ele: - Deve ser o sereno. No mínimo tá saindo todas as noites pra badalar.”
a- Que sentimento ele demonstra quando usa faz essas afirmações?

4- A mulher pensava que o homem ao telefone era o seu ex-marido. Leia o diálogo
Ela: - Você sempre viveu sozinho. Até quando casado só fez o que quis.
Ele: - Maldade sua, pois deixei de lado várias coisas quando a gente se casou.”
a- Qual a diferença entre o homem ao telefone e ex-marido da mulher?

5- O homem ao telefone pensava que estava falando com sua ex-mulher:
Ele: - Já você não abriu mão de nada. Não deixou de ver novela, passear no shopping, comprar jóias
Ela: - Comprar jóias? De onde você tirou essa idéia? A única coisa que comprei em quinze anos de casamento foi um par de brincos”.
a- Compare as duas mulheres.
Ele: - Você nunca reclamou disso.”
Ela: - E você me perguntou alguma vez?”
Baseando-se nesta conversa, podemos concluir que os dois casais se param pelo mesmo motivo:
a- Por qual motivo os casais se separaram?

7- Leia:
Se não me engano foi no segundo mês de casamento que você lavou a única louça da tua vida. Um apoio inestimável… Sinceramente, eu não sei o que faria sem você”.
a- O que a mulher realmente quis dizer?:

8- A partir de qual momento eles começam a desconfiar que a pessoa do outro lado da linha não é aquela que cada um pensava ser?

9- À medida em que a conversa evolui, eles descobrem alguma coisa que os une. Que gostos eles tem em comum?

10- Reescreva a frase.
a- … a gente não conversava nunca.
b- Isso a gente aprende também.


SUGESTÃO DE LEITURAS:


SUGESTÃO DE VIDEOS:


REFERÊNCIAS:
FIORIN, José Luiz. Elementos de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2002.
FIORIN, José Luiz. Em busca do sentido: estudos discursivos. São Paulo: Contexto, 2008.    
TATIT, Luiz. A abordagem do texto. In: FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística. v.1. São Paulo: Contexto, 2002.
BARROS,  Diana  Luz  Pessoa  de  Estudos  do  discurso.  In:  FIORIN,  José  Luiz  (org.) Introdução à Linguística II: princípios de análise. São Paulo: Contexto, 2003. 

CURSO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA: 2 AULA - VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E SOCIOLINGUÍSTICA



Linguística

A Linguística é concebida como a ciência que se ocupa do estudo acerca dos fatos da linguagem, cujo precursor foi Ferdinand de Saussure.
O termo “Linguística” pode ser definido como a ciência que estuda os fatos da linguagem. Para que possamos compreender o porquê de ela ser caracterizada como uma ciência, tomemos como exemplo o caso da gramática normativa, uma vez que ela não descreve a língua como realmente se evidencia, mas sim como deve ser materializada pelos falantes, constituída por um conjunto de sinais (as palavras) e por um conjunto de regras, de modo a realizar a combinação desses.
Assim, a título de reforçarmos ainda mais a ideia abordada, consideremos as palavras de André Martinet, acerca do conceito de Linguística:
“A linguística é o estudo científico da linguagem humana. Diz-se que um estudo é científico quando se baseia na observação dos fatos e se abstém de propor qualquer escolha entre tais fatos, em nome de certos princípios estéticos ou morais. ‘Científico’ opõe-se a ‘prescritivo’. No caso da linguística, importa especialmente insistir no caráter científico e não prescritivo do estudo: como  o objeto desta ciência constitui uma atividade humana, é grande a tentação de abandonar o domínio da observação imparcial para recomendar determinado comportamento, de deixar de notar o que realmente se diz para passar a recomendar o que deve dizer-se”.

MARTINET, André. Elementos de linguística geral. 8 ed. Lisboa: Martins Fontes, 1978.

O fundador desta ciência foi Ferdinand de Saussure, um linguista suíço cujas contribuições em muito auxiliaram para o caráter autônomo adquirido por essa ciência de estudo. Assim, antes de retratá-las, constatemos um pouco mais acerca de seus dados biográficos:
Ferdinand de Saussure nasceu em 26 de novembro de 1857 em Genebra, Suíça. Por incentivo de um amigo da família e filólogo, Adolphe Pictet, deu início aos seus estudos linguísticos. Estudou Química e Física, mas continuou fazendo cursos de gramática grega e latina, quando se convenceu de que sua carreira estava voltada mesmo para tais estudos, ingressou-se na Sociedade Linguística de Paris. Em Leipzig estudou línguas europeias, e aos vinte e um anos publicou uma dissertação sobre o sistema primitivo das vogais nas línguas indo-europeias, defendendo, posteriormente, sua tese de doutorado sobre o uso do caso genitivo em sânscrito, na cidade de Berlim. Retornando a Paris passou a ensinar sânscrito, gótico e alemão e filologia indo-europeia. Retornando a Genebra continuou a lecionar novamente sânscrito e linguística histórica em geral.
Na Universidade de Genebra, entre os anos de 1907 e 1910, Saussure ministrou três cursos sobre linguística, e em 1916, três anos após sua morte, Charles Bally e Albert Sechehaye, alunos dele, compilaram todas as informações que tinham aprendido e editaram o chamado Curso de Linguística Geral – livro no qual ele apresenta distintos conceitos que serviram de sustentáculo para o desenvolvimento da linguística moderna. 
Entre tais conceitos, tornam-se passível de menção alguns deles, tais como as dicotomias:
Língua X Fala
Esse grande mestre suíço aponta que entre dois elementos há uma diferença que os demarca: enquanto a língua é concebida como um conjunto de valores que se opõem uns aos outros e que está inserida na mente humana como um produto social, razão pela qual é homogênea, a fala é considerada como um ato individual, pertencendo a cada indivíduo que a utiliza. Sendo, portanto, sujeita a fatores externos.  

Significante X Significado
Para Saussure, o signo linguístico se compõe de duas faces básicas: a do significado – relativo ao conceito, isto é, à imagem acústica, e a do significante – caracterizado pela realização material de tal conceito, por meio dos fonemas e letras. Falando em signo, torna-se relevante dizer acerca do caráter arbitrário que o nutre, pois, sob a visão saussuriana, nada existe no conceito que o leve a ser denominado pela sequência de fonemas, como é o caso da palavra casa, por exemplo, e de tantas outras. Fato esses que bem se comprova pelas diferenças existentes entre as línguas, visto que um mesmo significado é representado por significantes distintos, como é ocaso da palavra cachorro (em português); dog (inglês); perro (espanhol); chien (francês) e cane (italiano).

Sintagma X Paradigma
Na visão de Saussure, o sintagma é a combinação de formas mínimas numa unidade linguística superior, ou seja, a sequência de fonemas se desenvolve numa cadeia, em que um sucede ao outro, e dois fonemas não podem ocupar o mesmo lugar nessa cadeia. Enquanto que o paradigma para ele se constitui de um conjunto de elementos similares, os quais se associam na memória, formando conjuntos relacionados ao significado (campo semântico). Como o autor mesmo afirma, é o banco de reservas da língua.

Sincronia X Diacronia
Saussure, por meio dessa relação dicotômica retratou a existência de uma visão sincrônica – o estudo descritivo da linguística em contraste à visão diacrônica - estudo da linguística histórica, materializado pela mudança dos signos ao longo do tempo. Tal afirmação, dita em outras palavras, trata-se de um estudo da linguagem a partir de um dado ponto do tempo (visão sincrônica), levando-se em consideração as transformações decorridas mediante as sucessões históricas (visão diacrônica), como é o caso da palavra vosmecê, você, ocê, cê, vc...
Mediante os postulados aqui expostos, cabe ainda ressaltar que a linguística não se afirma como uma ciência isolada, haja vista que se relaciona com outras áreas do conhecimento humano, tendo por base os conceitos dessas. Por essa razão, pode-se dizer que ela assim subdivide:

* Psicolinguística – trata-se da parte da linguística que compreende as relações entre linguagem e pensamentos humanos.
* Linguística aplicada – revela-se como a parte dessa ciência que aplica os conceitos linguísticos no aperfeiçoamento da comunicação humana, como é o caso do ensino das diferentes línguas.
* Sociolinguística – considerada a parte da linguística que trata das relações existentes entre fatos linguísticos e fatos sociais.
Por Vânia Duarte - Graduada em Letras
Fonte: http://www.brasilescola.com/portugues/linguistica.htm

ATIVIDADE:

Responda:


1 - O que é linguística?
2 – Quais os principais conceitos da Linguística?
3 – Marcos Bagno, autor do livro preconceito linguístico, fala sobre temas relacionados a diversidade cultural, ele diz que “só existe língua se houver seres humanos que a falem”,  ele busca  aproximar a língua falada com a língua normativa. Considerando a fala do autor e a leitura proposta elabore um texto dissertando sobre o preconceito linguístico, se existe e como é.

LEITURA PROPOSTA:



SUGESTÃO DE LEITURAS:


CURSO DE ALFABETIZAÇÃO E LINGUÍSTICA: 5 AULA - METODOLOGIA E PRÁTICA EDUCATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA NA EDUCAÇÃO INFANTIL




INTRODUÇÃO:

A polêmica sobre ensinar ou não as crianças a ler e a escrever já na Educação Infantil tem origem em pressupostos diferentes a respeito de várias questões. Entre elas:
■ O que é alfabetização? Alguns educadores acham que é a aquisição do sistema alfabético de escrita; outros, um processo pelo qual a pessoa se torna capaz de ler, compreender o texto e se expressar por escrito.
■ Como se aprende a ler e escrever? Pode ser uma aprendizagem de natureza perceptual e motora ou de natureza conceitual. O ensino, no primeiro caso, pode estar baseado no reconhecimento e na cópia de letras, sílabas e palavras. No segundo, no planejamento intencional de práticas sociais mediadas pela escrita, para que as crianças delas participem e recebam informações contextualizadas.
■ O que é a escrita? Há quem defenda ser um simples código de transcrição da fala e os que acreditam ser ela um sistema de representação da linguagem, um objeto social complexo com diferentes usos e funções.
Tudo sobre alfabetização! - Edição especial sobre alfabetização
Em razão desses diferentes pressupostos, alguns educadores receiam a antecipação de práticas pedagógicas tradicionais do Ensino Fundamental antes dos 6 anos (exercícios de prontidão, cópia e memorização) e a perda do lúdico. Como se a escrita entrasse por uma porta e as atividades com outras linguagens (música, brincadeira, desenho etc.) saíssem por outra. Por outro lado, há quem valorize a presença da cultura escrita na Educação Infantil por entender que para o processo de alfabetização é importante a criança ter familiaridade com o mundo dos textos.
Na Educação Infantil, as crianças recebem informações sobre a escrita quando: brincam com a sonoridade das palavras, reconhecendo semelhanças e diferenças entre os termos; manuseiam todo tipo de material escrito, como revistas, gibis, livros, fascículos etc.; e o professor lê para a turma e serve de escriba na produção de textos coletivos.
Alguns alunos estão imersos nesse contexto, convivendo com adultos alfabetizados e com livros em casa e aprendendo as letras no teclado do computador. Eles fazem parte de um mundo letrado, de um ambiente alfabetizador. Outros não: há os que vivem na zona rural, onde a escrita não é tão presente, e os que, mesmo morando em centros urbanos, não têm contato com pessoas alfabetizadas e com os usos sociais da leitura e da escrita.
Grande parte das crianças da escola pública depende desse espaço para ter acesso a esse patrimônio cultural. A Educação Infantil é uma etapa fundamental do desenvolvimento escolar das crianças. Ao democratizar o acesso à cultura escrita, ela contribui para minimizar diferenças socioculturais. Para que os alunos aprendam a ler e a escrever, é preciso que participem de atos de leitura e escrita desde o início da escolarização. Se a Educação Infantil cumprir seu papel, envolvendo os pequenos em atividades que os façam pensar e compreender a escrita, no final dessa etapa eles estarão naturalmente alfabetizados (ou aptos a dar passos mais ousados em seus papéis de leitores e escritores)".

ATIVIDADE:
Elabore um roteiro de uma atividade em envolva a escrita e a leitura na educação infantil.

SUGESTÃO DE LEITURA:

SUGESTÃO DE VÍDEO:

CURSO DE ALFABETIZAÇÃO E LINGUÍSTICA: 4 AULA - A LEITURA É A ESCRITA EM CLASSE DE ALFABETIZAÇÃO




INTRODUÇÃO:
LEITURA E ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO
 Terezinha Félix Silva Cruz de DEUS
Professora Especialista da EDUVALE - Professora da Rede Estadual – SEDUC
 e (coordenadora pedagógica)
 ASPECTOS TEÓRICOS

                A importância da leitura na vida do ser humano se nos afigura ponto pacífico , principalmente para quem está envolvido no processo ensino-aprendizagem.
               Com o objetivo de estimular a reflexão sobre essa atividade enriquecedora, mencionaremos aqui dois pontos de vistas de diferentes autoras, sobre o que é ler.
                Segundo Mary E. Pannell   “ a leitura habilita a criança a ver, conhecer e reviver experiências de todos os tipos. Sendo dirigida por normas seguras, oferece rico cabedal de informações, concorre para a ampliação de interesses, prevê a satisfação de necessidades pessoais, alarga o círculo de simpatias, dá maior compreensão da vida e concorre para a formação de idéias que contribuem para o progresso individual e social. Em suma a leitura dá a criança a faculdade de viver uma vida mais rica, mais dilatada e mais completa”.
                Para Iselda Terezinha “ ler é um processo de reconhecimento de palavras em termos de identificar seus correspondentes e estabelecer relações entre o significado , de domínio do alfabeto para saber distribuí-lo de modo a formar palavras, frases, textos”.
                A verdadeira leitura é a interação com o texto , é dialogar com o  autor. É a busca de sentido no que literalmente está escrito e nas lacunas que necessariamente ficam dadas as experiências do autor e do leitor. É algo dinâmico na medida em que o autor pode ter desejado dizer alguma coisa e o leitor pode captar outros aspectos. Esta dinâmica também se revela com relação ao leitor que pode, a cada interação com o texto, construir novos sentidos, ou seja, fazer novas leituras, descobrir outras idéias. Num sentido amplo, portanto “... ler é interpretar, é construir e reconstruir idéias  a partir da interação de qualquer objeto com o  conhecimento . Objeto este expresso através de diferentes veículos e ou linguagem”
                A escola, sendo a entidade que tem a incumbência de ensinar a ler, vem definindo a leitura de modo bastante estático e mecânico. Confunde o processo de ler em um simples reconhecimento de palavras em páginas impressas. Existe uma nítida  separação entre o  mecanismo leitura e o pensamento, reduzindo a leitura a um ato mecânico de decifrar letras.
                É comum a criança ler um texto, podendo –se dizer até que de maneira correta ( pronúncia, pontuação....)  mas se for solicitada para contar ou  falar sobre o texto não sabe. Na verdade esta criança não leu, pois ler não  é decodificar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto.
                O papel da escola por muito tempo foi de fazer com que o aluno adapte a escola - esta é a essência adaptativa da escola, enquanto que a escola deveria levar o aluno a uma transformação .
                Frente a essa realidade há uma forma de linguagem, se na escola enquanto adaptativa, a linguagem será um objeto fixo. E a leitura como uma resposta memorizada.   
                Enquanto que na visão de transformação a linguagem é uma interação através da prática social.
                Dessa forma para tornar viável a leitura como um processo de relação entre o domínio da mecânica e o pensamento, é absolutamente necessário recorrer ao método natural, trazendo a vida da criança para dentro da escola. É preciso repensar o que se está oferecendo à criança , selecionando palavras, frases, textos, histórias que permitam a criança inúmeras experiências , como falar, observar, experimentar, registrar e, principalmente, ver com intensidade e satisfação. É bom lembrar que os primeiros contatos com a leitura são fundamentais para a formação de um bom leitor. Se a leitura for apresentada sob uma forma lúdica, agradável e significativa , assim estará proporcionando o nascimento de um bom e verdadeiro leitor. Ao passo que se a leitura for apresentada e isolada da realidade, não criará hábito de ler, pelo contrário afasta a criança da leitura, pois todo livro lhe trará recordações das experiências negativas que os livros didáticos lhe forneceram.
Para modificar esta situação é necessário que a escola redefina o conceito de leitura. O passo inicial, talvez seja o de retirar as cartilhas pré-fabricadas das salas de aula e colocar a criança em contato com bons livros (literatura infantil) ,  mesmo ainda não sabendo ler. “A criança deve descobrir o prazer pela leitura antes de aprender a ler. Ela precisa querer, sentir a necessidade de decifrar o meio através da leitura”.
Então podemos iniciar o processo de aprendizagem da criança. A leitura e a escrita devem ser encaradas como uma Segunda etapa da aquisição da linguagem e devem dar oportunidade à criança de manifestar a necessidade de mais uma via de compreensão  e expressão de suas idéias, pelo desenvolvimento do pensamento e do vocabulário.
Muitos educadores e, principalmente Piaget, alertam sobre a importância da observação na evolução do pensamento infantil. A criança passa por etapas bastantes definidas , sendo assim devem refletir sobre todas atitudes e atividades da criança, principalmente quando se diz respeito a leitura, que também passa por fases que devem ser observadas antes de pretendermos exigir da criança uma leitura que esteja além ou  aquém de suas capacidades.

Mencionaremos aqui , rapidamente, as fazes e a literatura indicada.
 Primeira fase: vai até aos 3 anos. É o início do reconhecimento da realidade pelo tato. Descoberta de si mesmo e dos outros pela necessidade de contatos afetivos. Para esta fase a literatura indicada s~]ao os livros com muita gravura, pouco texto ou mesmo ausência deste. É importante que a criança “ leia” as gravuras.
Segunda fase:  vai dos 3 aos 6 anos, e é mais conhecida com a fase da fantasia e imaginação. Esta faixa etária, se caracteriza pelo pensamento pré-conceitual dos objetos. A literatura indicada são livros com muitas imagens, complementadas com textos curtos e educativos. As palavras devem corresponder as figuras. Os livros devem abordar situações familiares, contos de animais , contos de faz-de-conta, contos de um mundo animado de poderes fora do comum.
Terceira fase: Vai dos 6 aos 8 anos, caracteriza-se pelo pensamento racional e socialização. É o processo alfabetização. Na literatura adequada a essa fase a imaginação e a realidade devem se fundir. Os livros devem abordar ações e atos que desenvolvam situações de aventura, onde a inteligência e a afetividade sejam os fatores dinamizadores. Histórias alegres, que realcem astúcia , questionamento de valor ultrapassados.
             
Falaremos apenas das 3ª fase pois é a que nos interessa neste estudo, por tratarmos sobre a questão da leitura na alfabetização.
  
COMO ENSINAR A LER
  ALGUMAS SUGESTÕES PARA A ALFABETIZAÇÃO
          A criança desde muito pequena, aprende a reconhecer com facilidade nome de pessoas, animais, objeto de seu ambiente familiar, isto é, reconhece substantivos. Um procedimento natural será o de iniciar o processo da leitura com estes substantivos envolvidos em idéias conhecidas, significativas, concretizáveis, permitindo sua exploração através dos sentidos – ver – ouvir – falar – tocar – cheirar – experimentar.
                Nos primeiros anos de escolaridade da criança, o professor deve insistir, pelo menos, em dois aspectos, o treino e a formação de hábitos concretos de leitura. Por esse motivo, o que tivermos à disposição, deve ser aproveitado para incentivar a criança ler.
·              Avisos e ordens, que comumente são expressos em voz alta, podem ser escritos.
·                Saudações, reforços, perguntas que podem ser escritas em cartazes ou também no quadro de giz.
·                   A criança identifica tudo o que há na sala de aula. Nomeia-as.
·                  O professor, após identificação, explica que todos estes nomes podem ser escritos e lidos.
·                    Junto às crianças, escreve em fichas o nome das “coisas” que citaram. Exemplo: escreve lentamente a palavra porta. Lê a palavra e diz para as crianças indicando a porta: “isto é uma porta. E aqui lemos a palavra porta. Vamos colocar na porta?”. Faz o mesmo com outras palavras.
·                    Colocar os nomes das crianças na classe ou no lugar de guardar o material. As crianças “se desenham” e o professor escreve o nome delas e os distribui de maneira que elas já comecem algumas relações como “meu nome começa que nem o da Tatiane”.
Para facilitar o acesso da criança ao livro, o professor deve:
·                    Organizar um cantinho de leitura na sala de aula com gravuras e pequenos textos. Estimular para que a criança o freqüente, deixando-o manipular o material. O professor lê história no “canto” mostrando a ilustração e permitindo-lhe comentários, perguntas e complementações.
·                    Motivar e criar espaços para a criança narrar fatos do cotidiano e registrar (o professor). Posteriormente o professor lê a “história” da criança.
·                    Dramatizar cenas.
·                    Modelar, recortar ou desenhar os personagens da história.
·                    Visitar a biblioteca.
·                    Escrever o que a criança diz de seus desenhos (estes, inclusive, podem servir como um recurso para a criança ler depois que já domina o mecanismo da leitura, podendo reescrever o que disse).
                    A criança deve ser motivada a ler. Para que ela não perca o interesse, é preciso variar as estratégias apresentando a leitura de diferentes formas para evitar a memorização.
                    Estas são apenas algumas sugestões as quais deverão ser desdobradas sob muitas outras formas, como já foi salientado, o importante é que a criança leia muito, treine o mecanismo da leitura, sem, no entanto, separar o mecanismo da interpretação e compreensão do que se está lendo.


ESCRITA
              A escrita deve surgir do interesse e curiosidade da criança. E esta se manifesta pelo desejo que a criança tem de descobrir, reconhecer e a utilizar os sinais gráficos com que constantemente se depara. Inicialmente, surge a necessidade de decifrar o meio e de se apropriar dos símbolos (palavras – sinais – frases) e, posteriormente, quer utilizar deles reproduzindo-os.
                É importante que a criança saiba qual é o objetivo da escrita – “por que escrevemos?” A escrita é um sistema convencional utilizado pelo homem com a finalidade de se comunicar entre si, registrar suas descobertas, suas histórias e suas idéias e pensamentos. É um meio de expressão e conservação de idéias e pensamentos. E é assim que deve ser encarada. A escrita só tem valor educativo quando a criança já souber o que está escrevendo.
                Muitos pais e professores apressam-se em ensinar a escrita sem se preocupar se realmente aquilo que a criança escreveu foi dominado e compreendido por ela. Educadores querem ver um caderno bonito, com bastantes coisas escritas. E, quando a criança não consegue fazer “aquela” tão almejada letra bonita (o que é muito natural que aconteça, quando a criança não está madura para esta atividade) apressam-se em apresentar-lhe o famoso caderno de caligrafia, onde a saturam, obrigando-a a preencher linhas com palavras vazias de significado e isoladas do processo.

COMPOSIÇÃO CRIADORA
                 Nas séries iniciais, o professor deve estar preocupado em preparar a criança para desenvolver a habilidade de leitura e redação que é a construção de pensamento oral ou escrita. E assim a criança estará desenvolvendo a habilidade de pensar com lógica, objetividade e clareza.
                A composição escrita na alfabetização deve levar a criança a sentir necessidade de expressar seu pensamento espontaneamente como o faz na sua vida diária. Assim antes mesmo da criança dominara escrita, pode ser iniciada na composição. Para tanto, o professor proverá atividades que levem a criança a desejar ver expresso seu pensamento por escrito. Num primeiro momento o professor escreverá o que o aluno ditou e finalmente lerá o que foi escrito. Na segunda fase a criança estará lendo e copiando, numa terceira fase a criança fará suas próprias composições.
                Segundo Eglê Franche a “técnica de redigir deve se iniciar na alfabetização, partindo das experiências dos alunos”. A criança ao entrar para a escola,traz consigo uma bagagem cultural e vivêncial consolidadas em seu meio, que na realidade é desprestigiada e “podadas asas” de sua criatividade, que normalmente acontece nas aulas de comunicação e expressão especialmente nas de redação, em que são propostos temas ou títulos distantes da realidade do aluno.
                Um procedimento comum nas salas de aulas é fazer com que os alunos só escrevam palavras “já dominadas”, isto é, cuja forma ortográfica se supõe que eles conheçam. Isso faz com que grande parte dos alunos, ao escreverem, quase não cometam erros ortográficos (quando erram é, em geral por distração). Entretanto, isso faz também com que os alunos não possam se exprimir livremente, tendo de escrever frases e até histórias usando apenas palavras já dominadas.
                Diante disso, surgem aquelas redações que nada mais são que um conjunto de frases desconexas, às vezes até um número de linhas pré-fixadas pela professora. Salva-se a ortografia das palavras, mas passa-se ao aluno a terrível idéia de que escrever é simplesmente combinar palavras cuja ortografia se conhece. O texto como expressão lingüística do pensamento fica assim deturpado ao se aprender a escrever. Reforçam essa idéia os textos das cartilhas que também são elaboradas com palavras já estudadas antes. Dessa forma revela um método mecanicista de aprendizagem que dispensa a reflexão do aluno e inibe a curiosidade e a procura da novidade ao tratar a escrita.
                Uma outra estratégia de ensino, e muito melhor é admitir que os alunos, no início, sabem falar, muito bem,  sua língua e a usam com propriedade, e que, portanto, tal capacidade, pode e deve ser transportada diretamente para a escrita. Aconteceu, porém, que isso esbarra numa dificuldade que é a forma ortográfica imprevisível de muitas palavras que os alunos nunca estudou. Contudo, se os alunos, após os primeiros contatos com o alfabeto e com algumas famílias de letras e a escrita de umas poucas palavras forem estimulados a escrever suas histórias espontaneamente, guiados pela semântica, pelo enredo e tentando escrever as palavras que precisa segundo as possibilidades de uso das palavras ou letras no sistema ortográfico da língua, certamente irão cometer erros de ortografia, mas passarão suas habilidades falantes aos textos escritos. Obviamente se pedirá também que cuidem da ortografia mas que não se amedrontem ao escrever se não souberem, porque é possível escrever português, por exemplo, sem ser na forma ortográfica.           
                Esses alunos vão perceber logo que a ortografia é algo diferente do simples ato de escrever palavras do português e que pára se sair bem ou se sabe como escrever ortograficamente uma palavra, ou se pergunta.  Cada tentativa pode produzir escrita, mas não necessariamente a forma ortográfica. Esses procedimentos ajuda a auto-correção dos alunos, estimula a curiosidade pelas formas ortográficas sem trazer frustrações e faz com que os alunos expressem por escrito textos, linguístico e literariamente perfeitos.

 CONCLUSÃO
             A iniciativa do professor no sentido de variar as estratégias para a obtenção de recursos para ampliação dos conhecimentos trazidos pelas crianças é de suma importância, pois esse trabalho de leitura e escrita na alfabetização não é fácil, ao passo que trabalhamos com crianças oriundas de realidades diferentes. Mas é um trabalho gratificante.
            O ensino da leitura e da escrita, embora tendo sido trabalhado separadamente neste trabalho, é realizado simultaneamente. Não há como separar a leitura da escrita na aprendizagem.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

FEIL, Iselda Teresinha Sausem. Alfabetização: um desafio novo para um novo tempo. 8ª ed. Vozes, Petrópolis.
FRANCHI, Egle. E as crianças eram difíceis: a redação na escola. São Paulo, Martins Fontes. 1985.
MARCOZZI, Alayde Madeira & DORNELLES, Leny Werneck, Ensinando a criança. Livro técnico. Rio de Janeiro. 1985.
PENNELL, Mary E. Como se ensina a Leitura. Porto Alegre, Mercado Aberto. 1986.
 SILVA,Ezequiel T. Leitura & realidade Brasileira.Porto Alegre, Mercado aberto.1986.
------De olhos abertos. Reflexão sobre o desenvolvimento da Leitura no Brasil. São Paulo, Atica. 1991.
NOVA ESCOLA, São Paulo. Abril. 

ATIVIDADE:                                                                                                                     
Preparar uma aula para classe de alfabetização que envolva leitura e escrita.
O planejamento deve contemplar:

·       Quais os recursos didáticos utilizados
·       Metodologia/aplicação – Justifique a escola do método.
·       Que os objetivos da aula sejam claro e estejam de acordo com a idade/serie
·       Instrumentos avaliativos
·       Criatividade
·       Originalidade

SUGESTÃO DE LEITURA:

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