EMENTA:
Conceitos gerais sobre família; As relações
familiares e seus aspectos jurídicos; Família e conflitos sociais; Historicidade:
aspecto social da família; Questões contemporâneas sobre a constituição
familiar; Sobre os contextos sócio-históricos das representações da infância e
da família; A relação da família com a escola.
OBJETIVO
GERAL:
Expor pesquisas e contribuições teóricas sobre o
conceito de família ao longo do tempo para entender a família como um sistema,
analisando o individualismo e a pluralidade das famílias para por fim poder
discutir o papel da família no desempenho escolar das crianças.
INTRODUÇÃO:
1 A IMPORTÂNCIA DO MEIO FAMILIAR NO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM DA CRIANÇA
”A cada geração o seu destino e as suas dores.
Devemos armar os nossos filhos para a luta heróica e difícil que os espera e
eles vencerão”.
(CÉLESTIN FREINET)
Na literatura encontram-se várias referências quanto
à importância do meio familiar no processo de aprendizagem da criança. Segundo
Marturano (1998), a influência do ambiente familiar no aprendizado escolar é
amplamente reconhecida. Porém, não se deve atribuir a ela toda a carga de
responsabilidade pelo desempenho escolar do aluno. As características da
criança e a escola também influem. Sendo assim, este trabalho construiu-se
através de pesquisas bibliográficas e apresentou como objetivo geral refletir e
pesquisar a necessidade e a importância da relação escola-família, tendo as
intervenções do psicopedagogo como elo, na busca de propiciar uma aprendizagem
significativa na educação do aluno. Este estudo teve uma abordagem qualitativa
que, segundo Chizzotti (1991, p.79), “parte do fundamento de que há uma relação
dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o
sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a
subjetividade do sujeito”.
O Dia Nacional da Família na Escola foi criado em
2001, pelo Ministério da Educação para conscientizar pais, educadores e toda a
sociedade sobre a importância da união entre a escola e a família na formação
dos alunos. Inúmeros exemplos vivenciados mostram que a escola melhora quando a
família está presente. Se a família se interessa pela escola, a criança se
interessa mais pelos estudos. E melhora o relacionamento da família com a
criança e vice-versa.
A família desempenha um papel importante na formação
do indivíduo, pois permite e possibilita a constituição de sua essencialidade.
É nela que o homem concebe suas raízes e torna-se um ser capaz de elaboração
alargador de competências próprias. A família é, portanto, a primeira
instituição social formadora da criança. Dela depende em grande parte a
personalidade do adulto que a criança virá a ser.
Se é na família que se constituem as alegrias, os
desejos do homem, é na escola que o indivíduo deve encontrar alicerce para sua
formação elaborada. Porém, as coisas não acontecem como deveriam em contexto
escolar. A escola tem sido um local de transmissão do saber e não de
desenvolvimento de competências integrais do aluno, competências essas
essenciais na inserção social. Entende-se que deva ser papel do educador o
desenvolvimento do ser humano numa desmistificação de que somente o
conhecimento pronto e acabado é que vale. O desenvolvimento e o uso ativo de um
contexto afetivo em sala de aula são fundamentais ao educando. A escola deve
ser um local de alegria e ampliação de vontades e desejos, principalmente do
desejo de aprender, pois na escola a criança recebe formação cultural
tornando-se membro da sociedade.
A instituição escolar é local de desenvolvimento do
saber e não de retaliação do aluno e castração de anseios. Família e escola
devem aliar-se no objetivo de formar um aluno capaz e “bem resolvido”
afetivamente porque, é justamente neste fator, que estão as disposições em
aprender e conhecer mais e mais, construindo e firmando o conhecimento em
apoios realmente sólidos.
No contexto da educação, vem sendo discutida com
maior ênfase, a necessidade de uma participação efetiva das famílias na
instituição escolar. Tal preocupação pode ser visualizada tanto nas propostas
presentes na legislação educacional vigente, a exemplo da Lei de Diretrizes e
Bases (LDB), n. 9.394/96, como também em outras pesquisas e publicações a
exemplo do Jornal do MEC.
No que se refere à legislação, a Constituição
Federal, em seu artigo 205, afirma que “a educação é direito de todos e dever
do Estado e da família”. No título II, do artigo 1° da LDB, a redação é
alterada para “a educação é dever da família e do Estado”, mudando a ordem de
propriedade em que o termo família aparece antes do termo Estado. Se a família
passa a ter uma maior responsabilidade com a educação, é necessário que as
instituições família/escola mantenham uma relação que possibilite a realização
de uma educação de qualidade.
No desenvolvimento deste trabalho emergiram algumas
questões de estudo que nortearam toda a investigação, a saber: Em que medida o
papel da família, da escola e do psicopedagogo pode contribuir para que os
educandos superem suas dificuldades de aprendizagem escolares? Como levar a
família a participar da vida escolar do seu filho? Qual a importância do
psicopedagogo dentro das instituições de ensino?
A busca de conhecimento de como se relacionar com o
aluno que possui dificuldade de aprendizagem escolar é de extrema importância
para as famílias e educadores, pois objetivando uma melhor interação com o
referido aluno favorecerá seu desenvolvimento, superação ou minimização das
dificuldades de aprendizagem.
Este artigo, compreendeu em sua estrutura o Capítulo
1 com a introdução onde estão inseridas as questões de estudo seguidas do
Capítulo 2 que abordou a visão afetiva entre escola e família. O fenômeno
pesquisado, dificuldade de aprendizagem, foi desenvolvido no Capítulo 3.
Finalizando o trabalho, a intervenção psicopedagógica no contexto das
dificuldades da aprendizagem foi apresentada no Capítulo 4.
2 A VISÃO AFETIVA ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA
Desde os primeiros instantes de nascido o homem
recebe a influência e a afetividade da atmosfera familiar. Conseqüentemente, a
vida afetiva de uma pessoa tem uma longa trajetória pela educação nos convívios
familiar e social.
Sabe-se que a educação não formal constitui-se num
dos pilares essenciais na construção do eu. O desenrolar desta implicará num
desenvolvimento harmônico ou não do indivíduo. Segundo Kupfer (1989, p.46):
A educação da criança deve primar a dominação dos
instintos, uma vez que tem que inibir, proibir, reprimir. Sabe-se que a
ausência de restrições e de orientações pode deseducar em vez de promover uma educação
saudável. As angústias são inevitáveis, mas a repressão excessiva dos impulsos
pode originar distúrbios neuróticos. O problema, portanto, é encontrar um
equilíbrio entre proibições e permissão – eis a questão fundamental da
educação.
Percebe-se ser impossível o desenvolvimento do
indivíduo fortuitamente. A educação do contexto familiar influencia no
desenvolvimento da autoconfiança da criança, formando-a e constituindo-a,
enquanto ser humano completo. Os anseios, os desejos e as expectativas familiares
que envolvem a criança, promovem bem-estar e equilíbrio quando dosados e
colocados à disposição de maneira correta.
Todo educador sabe que o apoio da família é crucial
no desempenho escolar. Segundo um estudo publicado no Journal of Family
Psychology, da Associação Americana de Psicologia, as crianças que freqüentam
festas e reuniões familiares têm mais saúde, melhor desempenho escolar e maior
estabilidade emocional. E mesmo o SAEB/99 (Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica), apontou que nas escolas que contam com a parceria dos pais,
onde há troca de informações com o diretor e os professores, os alunos aprendem
melhor.
Diversos educadores brasileiros também defendem que
a família realize um acompanhamento da escola, verificando se seus objetivos
estão sendo devidamente alcançados.
Essa atuação dos pais ainda é bem rara, de acordo
com os resultados de pesquisa realizada pelo Observatório do Universo Escolar.
Essa instituição ouviu mais de cem pais e educadores da rede pública e privada
de todo país e constatou que só 13% das escolas públicas mantêm um
relacionamento próximo com a família. Por outro lado, 43,7% dos pais de alunos
da rede pública acreditam que, se fossem promovidos mais encontros e palestras
interessantes, haveria maior integração com a escola.
Por que pais e professores ainda não conseguem se
entender? Segundo a mesma pesquisa, a maior parte dos educadores atribui aos
pais a origem dos problemas de disciplina e apontam como fatores o novo modelo
familiar, no qual os adultos permanecem pouco tempo em casa, ou ainda aquele
que apresenta uma organização diferente da tradicional. Assim, muitas crianças
vão à escola para ser educadas e algumas, para ser criadas. Ceccon, Oliveira e
Oliveira (1999, p.87), assim falam a respeito:
A consciência de que a fase decisiva é a que
antecede a escola obrigatória tem levado um número crescente de estudiosos a
propor que a criança seja atendida mais cedo, com única solução para compensar
as desvantagens que atingem as crianças mais pobres, dando-lhes melhores
chances de sucesso quando mais tarde entrarem na escola.
O cruzamento de dados do SAEB revela que a nota dos
alunos é melhor quando pais e professores se conhecem. Foi comprovado que a
nota dos alunos é mais alta quando os pais possuem maior escolaridade ou são
mais atuantes na vida acadêmica de seus filhos. Na quarta ano, por exemplo, a
nota média de Português dos estudantes, cujos pais não conhecem o professor e o
diretor é de 165,24. Quando o pai participa da vida escolar do filho, a nota
sobe para 174,14. O mesmo acontece em Matemática, 178,11 contra 184,80.
3 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E SEU DIAGNÓSTICO
As dificuldades de aprendizagem, segundo Rogers
(1988), podem significar uma alteração no aprendizado específico da leitura e
escrita, ou alterações genéricas do processo de aprendizagem, onde outros
aspectos, além da leitura e escrita, podem estar comprometidos (orgânico,
motor, intelectual, social e emocional).
Conforme consta em Polity (1998, p.73), o termo
Dificuldade de Aprendizagem é definido pelo Instituto Nacional de Saúde Mental
(EUA) da seguinte forma:
Dificuldade de Aprendizagem é uma desordem que afeta
as habilidades pessoais do sujeito em interpretar o que é visto, ouvido ou relacionar
essas informações vindas de diferentes partes do cérebro. Essas limitações
podem aparecer de diferentes formas: dificuldades específicas no falar, no
escrever, coordenação motora, autocontrole, ou atenção. Essas dificuldades
abrangem os trabalhos escolares e podem impedir o aprendizado da leitura, da
escrita ou da matemática. Essas manifestações podem ocorrer durante toda a vida
do sujeito, afetando várias facetas: trabalhos escolares, rotina diária, vida
familiar, amizades e diversões. Em algumas pessoas as manifestações dessas
desordens são aparentes. Em outras, aparece apenas um aspecto isolado do
problema, causando impacto em outras áreas da vida.
Segundo a autora, esse termo é definido de várias
maneiras, por diferentes autores, diferindo-se quanto à origem: orgânica,
intelectual/cognitiva e emocional (incluindo-se aí a familiar). O que se
observa na maioria dos casos é um entrelaçamento desses aspectos.
Para a compreensão das possíveis alterações no
processo de aprendizagem é necessário considerar-se tanto as condições internas
do organismo (aspecto anátomo-funcional e cognitivo), quanto as condições
externas (estímulos recebidos do meio-ambiente) ao indivíduo. Fatores como
linguagem, inteligência, dinâmica familiar, afetividade, motivação e escolaridade,
devem desenvolver-se de forma integrada para que o processo se efetive (ROGERS,
1988).
Este trabalho refere-se ao papel da família no
desenvolvimento da aprendizagem da criança quanto ao aspecto psicológico,
emocional, social e de estimulação dos aspectos cognitivos.
Sabe-se que as crianças que apresentam dificuldades
de aprendizagem, geralmente, possuem uma baixa auto-estima em função de seus
fracassos e que esses sentimentos podem estar vinculados aos comportamentos de
desinteresse por determinadas atividades, tempo de atenção diminuído, falta de
concentração e outros.
A família, desconhecendo as necessidades da criança
e a maneira apropriada de lidar com esses aspectos, muitas vezes, necessita de
orientações que lhe dê suporte e lhe possibilite ajudar seu filho. Fatores como
motivação, formas de comunicação, estresses existentes no lar, influenciam o
desempenho da criança no processo de aprendizagem, e os psicopedagogos, muitas
vezes, sentem-se limitados quanto às orientações a serem dadas pela falta de
conhecimento aprofundado sobre os diversos aspectos familiares que podem
contribuir para um resultado mais desejável.
ATIVIDADE:
A parti das leituras sugeridas elabore um texto
pontuando a responsabilidade da família diante das dificuldades de aprendizagem
dos alunos e como a família pode contribuir junto com a escola para que se
possa ter uma intervenção positiva. Pontuando, ou não, que nem todos os pais estão
preparados e/ou sabem lidar com seus filhos no contexto educacional. Não tem conhecimento pedagógico
que possam orientar suas ações diante das dificuldades de aprendizagem.
Considerando também a nova dinâmica da estrutura familiar na contemporaneidade.
No mínimo 3 laudas.
SUGESTÃO
DE LEITURA:
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