terça-feira, 4 de dezembro de 2012

CURSO DE PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL: 3 AULA - DINÂMICA DAS RELAÇÕES FAMILIARES E APRENDIZAGEM



EMENTA:
Conceitos gerais sobre família; As relações familiares e seus aspectos jurídicos; Família e conflitos sociais; Historicidade: aspecto social da família; Questões contemporâneas sobre a constituição familiar; Sobre os contextos sócio-históricos das representações da infância e da família; A relação da família com a escola.

OBJETIVO GERAL:
Expor pesquisas e contribuições teóricas sobre o conceito de família ao longo do tempo para entender a família como um sistema, analisando o individualismo e a pluralidade das famílias para por fim poder discutir o papel da família no desempenho escolar das crianças.

INTRODUÇÃO:
1 A IMPORTÂNCIA DO MEIO FAMILIAR NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

”A cada geração o seu destino e as suas dores. Devemos armar os nossos filhos para a luta heróica e difícil que os espera e eles vencerão”.

(CÉLESTIN FREINET)

Na literatura encontram-se várias referências quanto à importância do meio familiar no processo de aprendizagem da criança. Segundo Marturano (1998), a influência do ambiente familiar no aprendizado escolar é amplamente reconhecida. Porém, não se deve atribuir a ela toda a carga de responsabilidade pelo desempenho escolar do aluno. As características da criança e a escola também influem. Sendo assim, este trabalho construiu-se através de pesquisas bibliográficas e apresentou como objetivo geral refletir e pesquisar a necessidade e a importância da relação escola-família, tendo as intervenções do psicopedagogo como elo, na busca de propiciar uma aprendizagem significativa na educação do aluno. Este estudo teve uma abordagem qualitativa que, segundo Chizzotti (1991, p.79), “parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito”.
O Dia Nacional da Família na Escola foi criado em 2001, pelo Ministério da Educação para conscientizar pais, educadores e toda a sociedade sobre a importância da união entre a escola e a família na formação dos alunos. Inúmeros exemplos vivenciados mostram que a escola melhora quando a família está presente. Se a família se interessa pela escola, a criança se interessa mais pelos estudos. E melhora o relacionamento da família com a criança e vice-versa.
A família desempenha um papel importante na formação do indivíduo, pois permite e possibilita a constituição de sua essencialidade. É nela que o homem concebe suas raízes e torna-se um ser capaz de elaboração alargador de competências próprias. A família é, portanto, a primeira instituição social formadora da criança. Dela depende em grande parte a personalidade do adulto que a criança virá a ser.
Se é na família que se constituem as alegrias, os desejos do homem, é na escola que o indivíduo deve encontrar alicerce para sua formação elaborada. Porém, as coisas não acontecem como deveriam em contexto escolar. A escola tem sido um local de transmissão do saber e não de desenvolvimento de competências integrais do aluno, competências essas essenciais na inserção social. Entende-se que deva ser papel do educador o desenvolvimento do ser humano numa desmistificação de que somente o conhecimento pronto e acabado é que vale. O desenvolvimento e o uso ativo de um contexto afetivo em sala de aula são fundamentais ao educando. A escola deve ser um local de alegria e ampliação de vontades e desejos, principalmente do desejo de aprender, pois na escola a criança recebe formação cultural tornando-se membro da sociedade.

A instituição escolar é local de desenvolvimento do saber e não de retaliação do aluno e castração de anseios. Família e escola devem aliar-se no objetivo de formar um aluno capaz e “bem resolvido” afetivamente porque, é justamente neste fator, que estão as disposições em aprender e conhecer mais e mais, construindo e firmando o conhecimento em apoios realmente sólidos.
No contexto da educação, vem sendo discutida com maior ênfase, a necessidade de uma participação efetiva das famílias na instituição escolar. Tal preocupação pode ser visualizada tanto nas propostas presentes na legislação educacional vigente, a exemplo da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), n. 9.394/96, como também em outras pesquisas e publicações a exemplo do Jornal do MEC.
No que se refere à legislação, a Constituição Federal, em seu artigo 205, afirma que “a educação é direito de todos e dever do Estado e da família”. No título II, do artigo 1° da LDB, a redação é alterada para “a educação é dever da família e do Estado”, mudando a ordem de propriedade em que o termo família aparece antes do termo Estado. Se a família passa a ter uma maior responsabilidade com a educação, é necessário que as instituições família/escola mantenham uma relação que possibilite a realização de uma educação de qualidade.
No desenvolvimento deste trabalho emergiram algumas questões de estudo que nortearam toda a investigação, a saber: Em que medida o papel da família, da escola e do psicopedagogo pode contribuir para que os educandos superem suas dificuldades de aprendizagem escolares? Como levar a família a participar da vida escolar do seu filho? Qual a importância do psicopedagogo dentro das instituições de ensino?
A busca de conhecimento de como se relacionar com o aluno que possui dificuldade de aprendizagem escolar é de extrema importância para as famílias e educadores, pois objetivando uma melhor interação com o referido aluno favorecerá seu desenvolvimento, superação ou minimização das dificuldades de aprendizagem.
Este artigo, compreendeu em sua estrutura o Capítulo 1 com a introdução onde estão inseridas as questões de estudo seguidas do Capítulo 2 que abordou a visão afetiva entre escola e família. O fenômeno pesquisado, dificuldade de aprendizagem, foi desenvolvido no Capítulo 3. Finalizando o trabalho, a intervenção psicopedagógica no contexto das dificuldades da aprendizagem foi apresentada no Capítulo 4.


2 A VISÃO AFETIVA ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA

Desde os primeiros instantes de nascido o homem recebe a influência e a afetividade da atmosfera familiar. Conseqüentemente, a vida afetiva de uma pessoa tem uma longa trajetória pela educação nos convívios familiar e social.
Sabe-se que a educação não formal constitui-se num dos pilares essenciais na construção do eu. O desenrolar desta implicará num desenvolvimento harmônico ou não do indivíduo. Segundo Kupfer (1989, p.46):

A educação da criança deve primar a dominação dos instintos, uma vez que tem que inibir, proibir, reprimir. Sabe-se que a ausência de restrições e de orientações pode deseducar em vez de promover uma educação saudável. As angústias são inevitáveis, mas a repressão excessiva dos impulsos pode originar distúrbios neuróticos. O problema, portanto, é encontrar um equilíbrio entre proibições e permissão – eis a questão fundamental da educação.
Percebe-se ser impossível o desenvolvimento do indivíduo fortuitamente. A educação do contexto familiar influencia no desenvolvimento da autoconfiança da criança, formando-a e constituindo-a, enquanto ser humano completo. Os anseios, os desejos e as expectativas familiares que envolvem a criança, promovem bem-estar e equilíbrio quando dosados e colocados à disposição de maneira correta.
Todo educador sabe que o apoio da família é crucial no desempenho escolar. Segundo um estudo publicado no Journal of Family Psychology, da Associação Americana de Psicologia, as crianças que freqüentam festas e reuniões familiares têm mais saúde, melhor desempenho escolar e maior estabilidade emocional. E mesmo o SAEB/99 (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), apontou que nas escolas que contam com a parceria dos pais, onde há troca de informações com o diretor e os professores, os alunos aprendem melhor.
Diversos educadores brasileiros também defendem que a família realize um acompanhamento da escola, verificando se seus objetivos estão sendo devidamente alcançados.
Essa atuação dos pais ainda é bem rara, de acordo com os resultados de pesquisa realizada pelo Observatório do Universo Escolar. Essa instituição ouviu mais de cem pais e educadores da rede pública e privada de todo país e constatou que só 13% das escolas públicas mantêm um relacionamento próximo com a família. Por outro lado, 43,7% dos pais de alunos da rede pública acreditam que, se fossem promovidos mais encontros e palestras interessantes, haveria maior integração com a escola.
Por que pais e professores ainda não conseguem se entender? Segundo a mesma pesquisa, a maior parte dos educadores atribui aos pais a origem dos problemas de disciplina e apontam como fatores o novo modelo familiar, no qual os adultos permanecem pouco tempo em casa, ou ainda aquele que apresenta uma organização diferente da tradicional. Assim, muitas crianças vão à escola para ser educadas e algumas, para ser criadas. Ceccon, Oliveira e Oliveira (1999, p.87), assim falam a respeito:
A consciência de que a fase decisiva é a que antecede a escola obrigatória tem levado um número crescente de estudiosos a propor que a criança seja atendida mais cedo, com única solução para compensar as desvantagens que atingem as crianças mais pobres, dando-lhes melhores chances de sucesso quando mais tarde entrarem na escola.
O cruzamento de dados do SAEB revela que a nota dos alunos é melhor quando pais e professores se conhecem. Foi comprovado que a nota dos alunos é mais alta quando os pais possuem maior escolaridade ou são mais atuantes na vida acadêmica de seus filhos. Na quarta ano, por exemplo, a nota média de Português dos estudantes, cujos pais não conhecem o professor e o diretor é de 165,24. Quando o pai participa da vida escolar do filho, a nota sobe para 174,14. O mesmo acontece em Matemática, 178,11 contra 184,80.


3 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E SEU DIAGNÓSTICO

As dificuldades de aprendizagem, segundo Rogers (1988), podem significar uma alteração no aprendizado específico da leitura e escrita, ou alterações genéricas do processo de aprendizagem, onde outros aspectos, além da leitura e escrita, podem estar comprometidos (orgânico, motor, intelectual, social e emocional).
Conforme consta em Polity (1998, p.73), o termo Dificuldade de Aprendizagem é definido pelo Instituto Nacional de Saúde Mental (EUA) da seguinte forma:
Dificuldade de Aprendizagem é uma desordem que afeta as habilidades pessoais do sujeito em interpretar o que é visto, ouvido ou relacionar essas informações vindas de diferentes partes do cérebro. Essas limitações podem aparecer de diferentes formas: dificuldades específicas no falar, no escrever, coordenação motora, autocontrole, ou atenção. Essas dificuldades abrangem os trabalhos escolares e podem impedir o aprendizado da leitura, da escrita ou da matemática. Essas manifestações podem ocorrer durante toda a vida do sujeito, afetando várias facetas: trabalhos escolares, rotina diária, vida familiar, amizades e diversões. Em algumas pessoas as manifestações dessas desordens são aparentes. Em outras, aparece apenas um aspecto isolado do problema, causando impacto em outras áreas da vida.
Segundo a autora, esse termo é definido de várias maneiras, por diferentes autores, diferindo-se quanto à origem: orgânica, intelectual/cognitiva e emocional (incluindo-se aí a familiar). O que se observa na maioria dos casos é um entrelaçamento desses aspectos.
Para a compreensão das possíveis alterações no processo de aprendizagem é necessário considerar-se tanto as condições internas do organismo (aspecto anátomo-funcional e cognitivo), quanto as condições externas (estímulos recebidos do meio-ambiente) ao indivíduo. Fatores como linguagem, inteligência, dinâmica familiar, afetividade, motivação e escolaridade, devem desenvolver-se de forma integrada para que o processo se efetive (ROGERS, 1988).
Este trabalho refere-se ao papel da família no desenvolvimento da aprendizagem da criança quanto ao aspecto psicológico, emocional, social e de estimulação dos aspectos cognitivos.
Sabe-se que as crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem, geralmente, possuem uma baixa auto-estima em função de seus fracassos e que esses sentimentos podem estar vinculados aos comportamentos de desinteresse por determinadas atividades, tempo de atenção diminuído, falta de concentração e outros.
A família, desconhecendo as necessidades da criança e a maneira apropriada de lidar com esses aspectos, muitas vezes, necessita de orientações que lhe dê suporte e lhe possibilite ajudar seu filho. Fatores como motivação, formas de comunicação, estresses existentes no lar, influenciam o desempenho da criança no processo de aprendizagem, e os psicopedagogos, muitas vezes, sentem-se limitados quanto às orientações a serem dadas pela falta de conhecimento aprofundado sobre os diversos aspectos familiares que podem contribuir para um resultado mais desejável.


ATIVIDADE:
A parti das leituras sugeridas elabore um texto pontuando a responsabilidade da família diante das dificuldades de aprendizagem dos alunos e como a família pode contribuir junto com a escola para que se possa ter uma intervenção positiva. Pontuando, ou não,  que nem todos os pais estão preparados e/ou sabem lidar com seus filhos no contexto educacional. Não tem conhecimento pedagógico que possam orientar suas ações diante das dificuldades de aprendizagem. Considerando também a nova dinâmica da estrutura familiar na contemporaneidade. No mínimo 3 laudas.

SUGESTÃO DE LEITURA:







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