EMENTA:
Estudo
da dança enquanto manifestação cultural de uma sociedade. A aprendizagem da dança na escola. Exploração
associativa da música, da percussão e do movimento corporal como modos de
favorecer a percepção rítmica. A dança como prática da orientação temporal,
espacial e da criatividade.
OBJETIVO:
Estudar o compacto da música universal em seus aspectos histórico, idiomático,
estilístico técnico e social, com ênfase na música ocidental.
INTRODUÇÃO:
I – O AVANÇO DA DANÇA COMO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM, DIANTE DO HISÓTRICO DA EDUCAÇÃO
I.I – História da Dança
A dança, em sentido geral,
caracteriza-se pela arte de mover o corpo e assume papel fundamental nos dias
de hoje, enquanto forma de expressão torna-se praticamente indispensável para
vivermos presentes, críticos e participantes em sociedade.
Fazendo uma analogia histórica,
observa-se que todos os povos, desde a Antiguidade, cultivavam formas
expressivas como as danças, os jogos e as lutas. De acordo com VERDERI ( 2009):
“O homem primitivo dançava por inúmeros significados: caça, colheita, alegria,
tristeza,... O homem dançava para tudo que tinha significado, sempre em forma
de ritual.”
Isso nos faz perceber que a dança é
realmente uma das artes mais antiga que o homem experimentou. E que ao longo
dos anos evoluiu em conceitos, nos fatos sociais e culturais, relevando a
relação do homem com o mundo e seus diferentes meios de vida.
Percebemos também que, o movimento
dançado foi a primeira forma de expressão emotiva, manifestação dos temores e
sentimentos. Logo passou a ser uma cerimônia, espetáculos, celebração, e por
fim uma forma de divertimento e aprendizagem.
Podemos observar que a dança foi uma
forma de expressão de vários acontecimentos que marcaram época na humanidade, a
partir dela o homem pode demonstrar papéis sociais e desempenhar relações
dentro de uma sociedade.
Ao longo da história a dança foi
associada também ao universo pedagógico, pois além de uma forma de diversão e
espetáculo é, de acordo com FERRARI(2003)," educação". Na educação,
ela está voltada para o desenvolvimento global da criança e do adolescente,
favorecendo todo tipo de aprendizado que eles necessitam.
Diante disso, podemos compreender que
a dança tem grande valor pedagógico.
Ela possui uma importante ligação com
a educação, visto que no universo pedagógico ela auxilia o desenvolvimento do
aluno, facilitando sua aprendizagem e resultando na construção do conhecimento.
De fato a dança também é um meio de educação, como afirma o autor abaixo.
Nesta perspectiva, PEREIRA (2001) coloca
que:
(...)“a dança é um
conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela,pode-se levar os
alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a explorarem o mundo da
emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres
(...). Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/ para o
aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade”.
Tal afirmativa nos faz compreender que
trabalhar com a dança dentro de uma visão pedagógica vai muito além do que ensinar
gestos e técnicas aos alunos. Na verdade trabalhar com a dança permite ensinar,
da maneira mais divertida, todo o potencial de expressão do corpo humano. É um
ótimo recurso pedagógico para desenvolver uma linguagem diferente da fala e da
escrita, e até mesmo aumentar a socialização da turma.
A dança com o passar do tempo foi
ganhando cada vez mais espaço na área educacional até chegar aos dias de hoje,
porém não é a proposta desta pesquisa relatar toda essa trajetória, mas apenas
um breve posicionamento de sua evolução, com finalidade de informação.
Segundo OSSONA (1988), nas antigas
culturas a dança teve um caráter de espetáculo, manifestações populares, e na
Idade Média passou a ser uma forma de entretenimento das classes altas e as do
povo. Segundo a autora, a dança desde a pré-história é uma forma de
manifestação, uma “expressão corporal”, que com o passar do tempo, sofreu
diversa influências e foi ganhando espaço na educação.
Com isso percebemos que a dança
percorreu um longo caminho até obter esse espaço, essa visão de dança como um
recurso para a prática pedagógica. Ela sofreu influências tecnológicas, foi
também muito influenciada pelas novas condições sociais fazendo surgir novas
propostas de arte enquanto forma de educação.
Podemos perceber tais influências no
fato de terem surgidos novos recursos musicais e instrumentais, e o fato da
sociedade, hoje, ter mais acesso a cultura, o que antigamente era restrito as
classes sócias altas.
Tais propostas são até hoje refletidas
e discutidas, visto que muitas pessoas ainda vêem a dança como apenas uma forma
de diversão, como a autora ressalta acima, “um espetáculo”, com isso esquecem o
seu papel pedagógico, suas diversas contribuições enquanto educação.
Durante uma ocasião a dança foi
relacionada à Educação Física, chegando a ser incluída na formação desses
professores. Esta disciplina tornou-se importante ao longo da época, que em
seguida passou a fazer parte dos currículos das licenciaturas de Educação
Física em abrangência nacional. O novo currículo confirmou a necessidade do
profissional em Educação Física desenvolver competências em termos de dança em
suas diferentes manifestações. Também surgem destaques de que o método Dança-
Educação Física vinha sendo fortalecido como proposta teórica voltada para a
integração do indivíduo como um todo. (www.musica.ahistoria.com.br)
Ainda hoje, encontramos em muitas
escolas a dança relacionada com a Educação Física, muitas instituições ainda
restringem o uso dessa arte como um recurso pedagógico a ser utilizado em sala
de aula, e a oferecem apenas nas aulas de Educação Física, ou ainda como uma
atividade extracurricular da escola.
Em 1996, a nova Lei de Diretrizes e
Bases (LDB) do Brasil instituído o ensino obrigatório de Arte em território
nacional “o ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos
diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento
cultural dos alunos” ( LDB 9394/96 Art. 26 - § 2º)
Tal proposta, como ressaltada na lei,
visava o desenvolvimento cultural do aluno a fim de que o mesmo despertasse o
interesse pela arte e, automaticamente, a consciência corporal. Porém, ainda
encontramos escolas que não possuem a disciplina, pelo fato de não terem
professor ou por diversos outros motivos, com isso nossos alunos continuam com
uma visão cultural muito restrita.
Finalmente, em 1997, foram publicados
os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) que incluem, pela primeira vez na
história do país, a dança em seu rol de disciplinas. Ainda de acordo com PCNs,
os principais objetivos da dança seriam “valorizar diversas escolhas de
interpretação e criação, em sala de aula e na sociedade, situar e compreender
as relações entre corpo, dança e sociedade e buscar informações sobre dança em
livros e revistas e ou em conversas com profissionais” (BRASIL, 1997).
A inclusão da dança nos PCNs visava
encarar o ensino da dança como uma atividade educativa, recreativa e criativa,
e também propiciar situações para a construção do conhecimento, independente de
se estar brincando, pulando ou dançando. Teoricamente a proposta de inclusão da
dança nos PCNs é bastante significante para a nossa atual visão de educação,
porém é preciso ser reavaliada a prática dessa proposta, pois o que temos não é
um recurso para o aprendizado, mas uma forma de descanso, de diversão e, até
mesmo um recurso na falta de conteúdo programático.
Nessa perspectiva, hoje a dança é compreendida
por muitos por seu valor em si, muito mais do que um passatempo, um
divertimento ou um enfeite. A dança é tão importante quanto falar, cantar,
brincar, inclui uma riqueza de movimentos que envolvem corpo, espírito, mente e
emoções, que enriquece a aprendizagem.
I. II – Histórico da educação no país
A história da educação no Brasil tem
início 1549 com os padres jesuítas, eles fundam diversas escolas, uma rede de
colégios reconhecidos por sua qualidade, chegando a oferecer estudos paralelos
ao nível superior. LIMA (1969)
O relato do autor nos faz refletir que
os padres jesuítas tiveram uma grande importância para a história da nossa
educação, visto que os mesmos ofereceram diversas contribuições enquanto
educadores. Além do mais, como o próprio autor ressalta, foi através dos mesmos
que surgiram as primeiras escolas, as primeiras concepções de educação no país.
Em 1808, com a chegada da família Real
no Brasil surgem instituições culturais e científicas de ensino técnico e os
primeiros cursos superiores. Porém, somente após a independência do Brasil, em
1822, é que ocorreram algumas mudanças sociais, políticas e econômicas, até
mesmo em termos de política educacional. LIMA (1969)
É de conhecimento geral que, a
independência do Brasil, foi de suma importância para o nosso país em termos de
progressão, e não poderia ser diferente no setor educacional, surgem políticas
educacionais importantes, com propostas realmente legitimas. Mesmo que, até os
dias atuais, muitas dessas propostas e ideologias ainda estejam na teoria,
outras já foram esquecidas com o passar do tempo.
Com a Constituição de 1824, surge o
acordo que afirma que a educação primária e gratuita para todos, que assegurava
em seu Art. 1o que “em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos,
haverão as escolas de primeiras letras que forem necessárias”.
(www.pedagogiaemfoco.pro.br)
Realmente, encontramos hoje, inúmeras
escolas distribuídas por todos os lugares, porém falta estrutura física e
pedagógica, essas escolas existem, mas muitas delas sem apoio político, social
e econômico, faltam professores, merenda, material didático, além de possuírem
uma péssima estrutura física. Além do mais, são salas de aulas com mais de 40
alunos, quando na verdade deveriam ter apenas 25, infelizmente essa é a triste
realidade de nossas escolas.
Com a descentralização da educação
básica, instituída em 1834, é autorizado as províncias o direito de legislar
sobre a educação primária, em conseqüência disso se ampliou ainda mais as
diferenças sociais e econômicas entre as elites do País e as camadas sociais
populares. PILLETTI (1996)
Tais diferenças sociais são
perceptíveis até os dias atuais, no qual ainda persiste uma desigualdade social
bastante relevante, onde a denominada Elite prevalece, em termos sociais e
econômicos, sobre as camadas sociais mais populares. A educação, ainda sofre as
consequências do jogo de poder, por estar de fato abrangida na política.
Durante a década 20, o Brasil começou
a rever e reconstruir diversos dos seus setores, o setor educacional sofreu
inúmeras reformas no ensino. Com isso, surgiu a primeira grande geração de
educadores, como Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Almeida
Júnior, entre outros. Esses educadores tinham idéias de “educação para todos” e
“educação gratuita” dando início à democratização do ensino. Eles ainda
publicaram o Manifesto dos Pioneiros, documento que defendia a igualdade da
educação, visto que eles eram contra ao caráter discriminatório e
antidemocrático que existia na época, onde destinava a escola profissional para
os pobres e o ensino acadêmico para a denominada elite. ARANHA (2006)
Atualmente, a luta desses educadores
ainda é defendida por muito professores, visto que as ideias desses educadores,
“educação para todos” e “educação gratuita”, continuam a existir somente no
documento. Logo, continuamos a viver à mercê desse caráter discriminatório e
antidemocrático, no qual a “educação”, no sentido global, é na verdade para uma
minoria de privilegiados, e os menos favorecidos continuam a receber uma
educação que favorece a subordinação.
Em 1934 ocorreram avanços expressivos
na área educacional. De 1945 até 1964, a educação brasileira passou por
transformações significativas, destacando-se campanhas e movimentos de
alfabetização de adultos, além da expansão do ensino primário e superior. E
também a consolidação do projeto da primeira LDB, que foi aprovada em 1961, lei
nº 4.024. No período de 1969 e 1971, foram sancionadas respectivamente a Lei
5.540/68 e 5.692/71, incluindo mudanças significativas na estrutura de ensino.
Em 1988 é promulgada uma Constituição que destaca a universalização do ensino
fundamental e o fim do analfabetismo, como conseqüência disso a LDB 4024/61 cai
em desuso. (ARANHA, 2006)
Com isso percebemos que apesar do
projeto da lei nº4024/61 ser avançado, com propostas bastantes relevantes, na
época da apresentação, ele se tornou antigo no decorrer dos debates, discussões
e do confronto de interesses. Com o passar do tempo, as propostas se
encontraram ultrapassadas, os interesses e os objetivos já não deveriam ser os
mesmos.
Somente em 1996 surgi a atual LDB
9394/96, que foi sancionada em 20 de dezembro de 1996. Baseada no princípio de
“educação para todos”, a LDB de 1996 trouxe mudanças significativas para a
educação, como a inclusão da educação infantil (creches e pré-escolas) como
primeira etapa da educação básica: “a educação infantil, primeira etapa da
educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até
seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade”. (LDB 9394/96 Art. 29).
Atualmente, muitas mudanças ocorreram
na educação, porém a mesma continua a ter características de exclusão social,
visto que ainda há uma enorme diferença social, onde a classe dominante recebe
uma educação para a formação do cidadão num todo e a classe menos favorecida
uma educação para manter a situação de subordinação.
Vivemos numa sociedade marcada pela
história educacional de dominação, onde prevalecem as ideias da classe
dominante, onde a “igualdade de educação para todos” só existe teoricamente.
No entender de SAVIANI (2003), a
sociedade esteve condenada por diversos séculos a ideia de que o ensino era
apenas para alguns, e por isso os demais não precisariam aprender, o mesmo
ressalta tal afirmativa ao declarar que “a sociedade como sendo essencialmente
marcada pela divisão entre grupos ou classes antagônicas que se relacionam à
base da força, a qual se manifesta fundamentalmente nas condições de produção
da vida material”.
Diante da visão do autor, aqui cabe,
mais uma vez, ressaltar que, em todas as épocas a educação foi seletiva, não democrática,
um privilégio de poucos. Constatamos ainda hoje, que sempre a parte mais pobre
da sociedade é excluída da escola, do direito à educação. Educação no sentido,
de formação integral do sujeito, enquanto cidadão crítico e reflexivo.
Desta forma, conclui-se que desde o
inicio sofremos da falta de estrutura e investimento na área educacional.
Reservada a uma elite dominante e totalmente exploradora, a história da
educação caminhou por veredas tortuosas, estando sempre voltada a dominação
social.
I. III – O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO
ENSINO APRENDIZAGEM
Atualmente, não só na área da
educação, mas também em outras áreas, pensa-se no indivíduo como um todo e,
portanto, amplia-se o conceito de educação, para o conceito do processo de
ensino-aprendizagem.
As reflexões sobre o processo
ensino-aprendizagem nos permitem levar todos a repensarem a prática educativa.
Entender hoje as escolas e observar as salas de aula como uma comunidade
culturalmente constituída por meio da participação de diferentes sujeitos, que
assumem diferentes papéis no processo ensino-aprendizagem. GARRIDO (2002)
Diante de tantas reflexões, a situação
atual da prática educativa das escolas ainda demonstra os alunos com pouca ou
nenhuma capacidade de poder crítico-reflexivo, a obrigação dos mesmos em
decorar os conteúdos, além da hierarquia entre educador e educando.
VERDERI (2009) declara que: “o
professor deve conscientizar-se de que o momento é de inovar e ousar, que os
tempos de cópias já se afastaram juntamente com paradigmas que não se enquadram
mais nas novas visões de uma pedagogia preocupada com a formação integral do
educando”.
Diante de tal afirmativa, a solução
está na reflexão de como os educandos aprendem e como o processo de ensinar
pode conduzir à aprendizagem. Considerando que o aluno não foi programado para
imitar, que o mesmo só estará satisfeito e realizado se estiver participando
ativamente das atividades, podendo explorar sua criatividade e expor seus
conhecimentos.
Pensar no processo ensino-aprendizagem
de forma a promover a construção de conhecimentos traz a ideia de seres humanos
como indivíduos inacabados e passíveis de uma capacidade de refletir
criticamente o aprendido.
Nesse processo de construção do
conhecimento alunos e professores são sujeitos e devem atuar de forma
consciente. Não se trata apenas de sujeitos do processo de aprendizagem, mas de
seres humanos inseridos numa cultura e com histórias e experiências
particulares de vida.
FREIRE (1997) explica o homem só
passou a ensinar quando descobriu que era capaz de aprender. Foi desenvolvendo
a capacidade de aprender que ele se descobriu capaz de ensinar. Nessa
perspectiva os professores enquanto ensinam aprendem e os alunos enquanto
aprendem ensinam.
Todo processo ensino aprendizagem
depende do interesse dos sujeitos participantes, alunos, professores,
comunidades escolares e demais fatores do processo. Assim, a aprendizagem se dá
na coletividade, mas não perde de vista o indivíduo que é singular (contextual,
histórico, particular, complexo).
Com isso, é preciso compreender que o
processo ensino-aprendizagem se dá na relação entre indivíduos que possuem sua
história de vida e estão inseridos em contextos de vida próprios. Nessa
perspectiva, o processo ensino-aprendizagem vai ocorrer através da relação
entre sujeitos em permanente socialização de experiências e saberes.
Para que o processo ensino
aprendizagem ocorra, VYGOTSKY (1991) afirma que é necessário que o professor
desafie o nível em que o aluno está, não desrespeitando seus conhecimentos e
experiências anteriores, mas tendo um olhar para o futuro, para as capacidades
que desenvolverá, possibilitando a socialização das experiências culturais
acumuladas historicamente pela humanidade.
Nessa perspectiva, o processo de
ensino-aprendizagem possibilita que os sujeitos – professor e alunos – se
encontrem, troquem, socializem conhecimentos, experiências, afetos, histórias,
sonhos e utopias. O professor sempre mediando com instrumentos pedagógicos e
psicológicos. Os alunos respondendo e também sendo mediadores dos que ainda não
conseguiram.
Na verdade, alunos e professores vivem
numa eterna troca, num processo de interação, onde um aprende com o outro. E
nessa troca não existe um único detentor do conhecimento, mas seres inacabados
que aprendem e se ensinam mutuamente.
VYGOTSKY (1989) afirma que o auxílio
prestado à criança em suas atividades de aprendizagem é válido, pois, aquilo
que a criança faz hoje com o auxílio de um adulto ou de outra criança maior,
amanhã estará realizando sozinha. Desta forma, o autor enfatiza o valor da
interação e das relações sociais no processo de aprendizagem.
Diante disso, ainda é importante
ressaltar que, o processo ensino-aprendizagem ocorre a todo o momento e em
qualquer lugar. Portanto, o que se questiona neste processo é, qual o papel da
escola? Como deve esta ser considerada? E qual o papel do professor?
É papel da escola realizar a mediação
entre o conhecimento prévio dos alunos e o sistematizado, propiciando formas de
acesso ao conhecimento científico. E como tal, deve ser considerada como um
contínuo processo de desenvolvimento influenciando e sendo influenciada pelo
ambiente, no qual deve existir um ambiente dinâmico e contínuo, que contribua
para o processo de aprendizagem.
A escola é um dos agentes responsáveis
pela integração da criança na sociedade, além da família. É um componente capaz
de contribuir para o bom desenvolvimento de uma socialização adequada a
criança, através de atividades em grupo, de forma que capacite o relacionamento
e participação ativa das mesmas, caracterizando em cada criança o sentimento de
sentir-se um ser social.
O papel do professor é o de conduzir e
orientar os alunos, de modo que cada um deles seja um sujeito consciente, ativo
e autônomo. É seu dever favorecer o processo ensino-aprendizagem e refletir o
seu papel no todo e isoladamente.
VERDERI (2009) afirma que:
“ o professor é
aquele que cria condições para o processamento das atividades e o aluno, aquele
que busca, dentro desse contexto, condições para o seu pleno desenvolvimento.
Que nessa relação, o professor também possa aperfeiçoar os conhecimentos já
trazidos pelos alunos e, a partir daí, explorar novas formas de conhecimento
mais complexas”.
Isso nos faz refletir que, há
aprendizagem dos dois lados e que para desencadear o processo de aprendizagem
dos alunos, o professor precisa possibilitar condições para que os mesmos
elaborem, critiquem o conhecimento, e dele se aproprie.
Logo, permanece ao professor o desafio
de tornar as práticas educativas mais condizentes com a realidade, mais humanas
e, com teorias capazes de abranger o indivíduo como um todo, promovendo o
conhecimento e a educação.
Diante dos fatos, entende-se que a
aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo aspectos
cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. E o ensino só tem
sentido quando implica na aprendizagem, por isso é necessário conhecer como o
professor ensina e entender como o aluno aprende, só assim o processo ensino
aprendizagem poderá acontecer e o aluno conseguirá aprender a pensar, a sentir
e a agir.
II - A DANÇA NO ESPAÇO ESCOLAR: SEU
HISTÓRICO E SUA PARTICIPAÇÃO PEDAGÓGICA
II. I – Dança no espaço escolar
A vida humana na Terra se substantiva
através do corpo. É ele que nos faz vivos e concretiza a nossa existência. Da
mesma maneira a dança trata do resgate da própria personalidade, do contato com
o lado mais humano através da expressão artística: o indivíduo se expressa e se
torna capaz através da Arte que produz e que lhe devolve toda a sua potencialidade
de viver e de se realizar plenamente. (www.nima.puc-rio.br)
Isso nos faz compreender que através
da dança o indivíduo é capaz de demonstrar aquilo que ele pensa, que ele
entende, ou seja, ele é capaz de demonstrar o seus conhecimentos e habilidades,
de maneira mais transparente possível, ele se expõe por completo.
Historicamente, o homem utilizava-se
da dança apenas para expressar sentimentos e agradecimentos. Apesar de esse
caráter persistir ainda hoje, outros aspectos foram incorporados a dança,
contribuindo para o seu crescimento enquanto arte e educação.
Entretanto esta visão já vem se
modificando. De acordo com OSSONA (1988), atualmente existe uma melhor
compreensão a respeito dos valores formativos e criativos da dança, que levam a
uma ampliação das ações corporais.
Com isso, no Brasil e no mundo, a
dança vem ganhando cada vez mais espaço pelos benefícios que vão desde a
melhora da autoestima, passando pelo combate ao estresse, depressão, até o
desenvolvimento da aprendizagem. A cada dia a dança vem expondo seus aspectos
positivos dentro da formação do sujeito, através da educação, e até mesmo
contribuindo para a construção da sociedade.
Atualmente, a dança tem se tornado um
estilo alternativo nas práticas pedagógicas, por orientar o movimento corporal
de cada aluno de forma a explorar sua capacidade de criação, estimulando o
autoconhecimento e favorecendo para aprendizagem. Segundo OSSONA (1988) “a
dança ainda é uma manifestação de caráter étnico, é quando mais se parece com a
“expressão corporal”, que foi ganhando terreno nos esquemas da educação”.
Contudo, a dança ao ser inserida ao
conteúdo escolar não pretende formar bailarinos, antes disso, consiste em
oferecer ao aluno uma relação mais efetiva e intimista com a possibilidade de
aprender e expressar-se criativamente através do movimento. Nessa perspectiva,
o papel da dança na educação é o de contribuir com o processo
ensino-aprendizagem, de forma a auxiliar o aluno na construção do seu
conhecimento. E também, assistir o professor enquanto recurso pedagógico.
VERDERI (2009) declara que:
“a dança na escola deve proporcionar
oportunidades para que o aluno desenvolva todos os seus domínios do
comportamento humano e, por meio de diversificações e complexidades, o
professora contribua para a formação de estruturas corporais mais complexas.”
Essa proposta se resume na busca de
uma prática pedagógica mais coerente com a realidade escolar, onde a dança
preparará o corpo e a mente dos alunos a fim de que se exercitem de acordo com
suas necessidades, estimulando através dos movimentos espontâneos e a precisão
do gesto, o processo ensino aprendizagem.
Com isso, percebemos que a dança na
escola não é a arte do espetáculo, é educação por meio da arte. E tem suma
importância para se alcançar os objetivos da Educação, um deles sendo o
desenvolvimento do aspecto afetivo e social. Deste modo, esta prática propicia
ao aluno grandes mudanças internas e externas, no que se refere ao seu
comportamento, na forma de se expressar e pensar.
Segundo LABAN, (1990) “Quando criamos
e nos expressamos por meio da dança, interpretamos seus ritmos e formas,
aprendemos a relacionar o mundo interior com exterior”.
Ás vezes, viver em sociedade é muito
difícil, pois inclui aceitar o outro, suas opiniões e maneiras, aceitar os
“não” que a vida nos proporciona. De fato, aprender a conviver no mundo
exterior.
Nessa perspectiva, compreendemos que a
dança permite ao individuo não só uma busca de sua personalidade, mas ensina-o
a viver em sociedade, a se relacionar com o seu eu e com o próximo, de forma
prazerosa e não como uma obrigação.
A criança tem necessidade de andar e
saltar: não a podemos condenar a ficar imóvel, porque certamente falharíamos e
a prejudicaríamos (...). Porque a criança tem necessidade de agir, criar e trabalhar,
isto é, empregar a sua atividade numa tarefa individual ou socialmente útil
(...). (FREINET, 1974)
Diante disso, dançar é tão importante
para uma criança quanto falar, contar ou aprender geografia. É essencial para a
criança que nasce “dançando”, não desaprender essa linguagem pela influência de
uma educação repressiva e frustrante. Para isso, a educação deve unificar corpo
e mente, ensinando a pensar em termos de movimento para dominá-los, e não
apenas se preocupar com o domínio da escrita, do raciocínio lógico-abstrato e
da linguagem.
O papel da dança na prática educativa
tem o objetivo de resgatar, de forma natural e espontânea, as manifestações
expressivas da nossa cultura. A expressão corporal como recurso da aprendizagem
escolar, utiliza o corpo em movimento, estimulando a expressão de sentimentos e
emoções que auxiliam na integração social.
Para MORANDI (2006), a criança tem o
impulso inato de realizar movimentos similares aos da dança, sendo ela uma
forma natural de expressão. Cabe à escola levá-la a adquirir consciência dos
princípios do movimento, preservando sua espontaneidade e desenvolvendo a
expressão criativa.
Nessa perspectiva, é papel da escola
realizar a mediação conhecimento e a espontaneidade, ou seja, a escola precisa
criar meios de aprendizagem por meio da dança, de maneira que as crianças não
tenham atitudes mecânicas, mas de forma natural ensinar os princípios dos seus
movimentos, a função do corpo.
Contudo, o uso da dança na sala de
aula não deve visar apenas proporcionar a experiências com corpo e diminuir
conflitos decorrentes de esforços intelectuais excessivos. Na medida em que
favorece a criatividade, pode trazer muitas contribuições ao processo de
aprendizagem, se integrada com outras disciplinas.
A dança na escola não deve priorizar a
execução de movimentos corretos e perfeitos dentro de um padrão técnico
imposto, gerando a competitividade entre os alunos. Deve partir do pressuposto
de que o movimento é uma forma de expressão e comunicação do aluno, objetivando
torná-lo um cidadão crítico, participativo e responsável, capaz de expressar-se
em variadas linguagens, desenvolvendo a auto- expressão e aprendendo a pensar
em termos de movimento (MARQUES, 2003).
Desta forma, a escola deve estar
sensível aos valores e vivências corporais que o indivíduo traz consigo
permitindo desta forma que conteúdos trabalhados, se tornem mais
significativos. Visto que, a educação através da dança possibilita a formação
de cidadãos com uma visão mais crítica autônoma e participativa desta sociedade
em que vivemos.
Precisamos pensar na dança no contexto
escolar, tendo como prioridade os processos pedagógicos, compreendendo a
importância de uma prática que respeite o corpo e a liberdade de expressão dos
alunos.
Deste modo, através da dança, podemos
introduzir em nossas salas de aula, momentos de reflexão, pesquisa, comparação,
desconstrução das danças que apreciamos (ou não) e, assim, podermos agir
crítica e corporalmente em função da compreensão, desconstrução e transformação
de nossa sociedade.
Enfim, considerando que a dança deve
estimular na criança a criatividade na conquista de sua autonomia, as
experiências com o corpo dançante devem fazer parte da prática pedagógica. É
importante reafirmar que combinar interesses e desafios corporais num ambiente
integrativo entre a criança, emoções, pessoas e o mundo fazem da dança
referencial para o aprendizado.
II. II – Visão dos professores e
gestores com relação a influencia /resultado da dança no processo ensino
aprendizagem
A visão de disciplina na escola sempre
foi entendida como “não movimento’’ e as crianças educadas e comportadas são
aquelas que simplesmente não se move. Alguns educadores julgam que, para
ocorrer a aprendizagem, é preciso que o aluno esteja sempre sentado e quieto.
Com isso, a dança ainda é percebida de
forma equivocada por muitos professores e gestores, que costumam apresentá-la
somente em datas comemorativas e na forma de apresentações de coreografias
prontas.
Promover a educação através da dança
escolar não se resume em buscar sua execução “festinhas comemorativas” (VERDERI,
2000); tampouco oferecer a ideia de que “dançar se aprende dançando”. (MARQUES,
2003)
Para estas autoras o estudo e a
compreensão da dança, vão muito além do ato de dançar, ou seja, a dança no
espaço escolar, não se resume ao ensino de danças ou técnicas de movimentos,
mas auxilia na formação do indivíduo, contribuindo com sua construção de
conhecimento.
Na concepção de ensino de muitos
professores e gestores, a educação por meio da dança é nula, pois o corpo é
visto como objeto e a execução dos movimentos está vinculada a uma perfeição
técnica e estética. Porém, também encontramos a visão de que o ensino de dança
deve unir conhecimento técnico e expressividade.
Para professores e gestores a dança
deve trabalhar a sensibilidade, a expressão e suas possibilidades de ampliação
e a comunicação corporal, e ao mesmo tempo não se afastar da técnica e de
conteúdos formais. Dessa forma, para eles a dança deve ser trabalhada de forma
ampla, favorecendo o desabrochar do corpo e automaticamente o processo ensino
aprendizagem.
Para FIAMONCINI (2002-2003), é preciso
lidar com o ensino de técnicas, sem impedir o aflorar da criatividade e da
expressividade, pois o excesso de técnicas pode fazer com que fiquem esquecidos
“os pensamentos, as necessidades e os sentimentos das pessoas, o que pode
ocasionar-lhes uma falta de sentido para continuar dançando”.
Diante disso, fica claro que o ensino
excessivo de técnica faz com que os objetivos essenciais do ensino da dança
sejam esquecidos, deixados de lado, e com isso perde-se o interesse, o
significado do dançar.
Na verdade, ao longo dos anos, a dança
até tem deixado de ser vista apenas como uma manifestação artística e passado a
ser percebida como um meio de reflexão crítica. O objetivo central do ensino da
dança aos poucos tem se tornado o autoconhecimento e a construção desse
conhecimento.
Para MARQUES (2005), nos conteúdos
trabalhados em sala de aula a dança tem que estar vinculada com o contexto dos
alunos: “o contexto dos alunos é um dos interlocutores para o fazer-pensar a
dança, pois garante a relação entre o conhecimento em dança e as relações
sócio, político e culturais dos mesmos em sociedade”.
Com isso, percebe-se a importância da
relação ensino- realidade, onde os conteúdos ministrados em sala de aula têm
relação com a vivencia do aluno. Enfim, é preciso que os conteúdos despertem o
interesse dos alunos, visto que nem sempre a dança faz parte de sua realidade
cultural. Muitas das vezes, ela é vista pelo aluno de forma preconceituosa.
Para os gestores, o conteúdo centrado
na realidade e no contexto dos alunos deve ser transformado pelo professor de
forma consciente e problematizadora para que o aluno entenda a dança como um
processo individual, coletivo e social no qual todos podem produzir saberes e
conhecimentos. (Revista Diálogo Educacional, 2008)
Diante disso, percebemos que o ensino
da dança não pode ser meramente lançado pelo professor, o mesmo precisa
analisá-lo, refletí-lo criticamente de forma que o professor conscientize o seu
aluno da importância desse ensino e os seus benefícios enquanto recurso de
aprendizagem.
A dança pode favorecer o aluno na
constituição de saberes e conhecimentos, mas ante é preciso que a mesma faça
sentido para este aluno, ou do contrário o mesmo a perceberá apenas como uma
forma de diversão.
Para os professores, a arte e, mais
especificamente, a dança é um conhecimento tão importante quanto qualquer outro
conhecimento presente na escola. E, portanto, o objetivo do ensino de dança na
escola deveria ser trabalhar com o foco na construção do conhecimento dos
alunos por meio do corpo, de maneira que o aluno pudesse vivenciar a dança como
arte, sob a perspectiva de que os mesmos não criassem repulsos e expectativas
equivocadas. (Revista Diálogo Educacional, 2008)
Nessa perspectiva, para atingir esse
objetivo, não existe um método ideal de trabalho. É necessário que o professor
observe a realidade corporal dos alunos e trabalhe com as linguagens das
crianças, permeando com o conteúdo que ele quer abordar, ou seja, sempre
elaborando suas atividades de dança de forma que faça uma relação com as demais
disciplinas.
Com isso, se faz perceptível a
necessidade da interação entre as disciplinas, que precisam estar interligadas,
para que possam favorecer o processo ensino-aprendizagem, do contrário apenas
serão conteúdos lançados, de formas isoladas, que não farão sentido algum para
os alunos. Consequentemente, dificultará todo o processo de aprendizagem.
Segundo VERDERI (2009):
“as atividades e
propostas da dança na escola são elaboradas e fundamentadas exclusivamente no
movimento e nas possibilidades da variação deste e, também, nas informações
concretas que esse movimento poderá oferecer ao aluno quando estivermos falando
em educação nas demais disciplinas.”
Podemos perceber que, apesar de a
maioria dos professores e gestores ainda manter uma visão do ensino de dança
focalizado no ensino de técnicas, já existem novas visões de propostas para o
ensino de dança.
Atualmente já conseguimos fazer com
que muitos desses professores e gestores possam refletir sobre ensino de dança,
tendo como foco principal a visão de que este ensino deve sempre buscar o
desenvolvimento da criatividade e expressividade, para que como consequência
alcance a aprendizagem.
Sendo assim, o aluno deve ser visto
como sujeito ativo e participante do processo ensino-aprendizagem. Em vez de
apenas depositar conhecimentos, os professores precisam partir da realidade e
da linguagem dos próprios alunos para promover o ensino de dança.
III – DANÇA: CONTRIBUIÇÕES E
DIFICULDADES
III. I Contribuições da Dança no
processo ensino aprendizagem
Cada vez mais a dança vem sendo
incluída nos currículos escolares e extra-escolares, visto que a utilização da
dança como prática pedagógica pode trazer muitas contribuições ao processo
ensino aprendizagem.
Segundo VERDERI (2009) “a dança na
escola deverá ter um papel fundamental como atividade pedagógica... e por meio
dessas mesmas atividades reforçar a autoestima, a autoimagem, a autoconfiança e
o autoconceito”.
Tal afirmativa nos faz compreender
que, o papel educacional da dança visa o desenvolvimento físico, emocional e
social do aluno. De forma que amplie sua visão na sociedade, tornando-o um
indivíduo pensante, capaz de contribuir com essa sociedade.
Como a autora ressalta, a dança é
fundamental como recurso pedagógico, visto que ela ajuda a construir no aluno
um indivíduo mais confiante, reforçando sua autoestima, fazendo com que ele se
sinta proveitoso, capaz. Enfim, a dança auxilia no desenvolvimento da autonomia
do aluno.
De acordo com PICONEZ (2003) “os
alunos aprendem pela prática”. Portanto, as atividades pedagógicas de dança não
podem isolar os alunos em quatro paredes, antes disso deve estimular a criança
a descobrir o seu potencial expressivo e criativo.
Diante disso, fica claro que a dança
enquanto processo de aprendizagem, possibilita o aluno aprender pelas
experiências do próprio corpo, a compreender o ponto de vista do próximo, a
desenvolver habilidades e a expressar sua criatividade.
Logo, a dança possibilita que a
aprendizagem ocorra de forma prazerosa, através da prática, estimulando a todo
instante o aluno. E não na antiga concepção de muitos educadores, citada no
segundo capítulo desse estudo, de que a aprendizagem só se constrói com alunos
quietos e em silêncio.
Para BERTONI (1992), a dança como
fator educacional contribui no desenvolvimento psicológico, social, anatômico,
intelectual, criativo e familiar.
Nessa perspectiva, a dança contribui
para uma educação motora consciente e global, proporcionando diversos
benefícios no que se refere aos aspectos físicos, sociais e intelectuais.
O trabalho com a dança também
possibilita a descoberta do próprio corpo, o reconhecimento de que cada
indivíduo possui diferentes maneiras de se movimentar, o que resultara na
conscientização do aluno com relação ao respeito à individualidade dos seres
humanos.
A fala de Bertoni reforça ainda mais a
visão de que a dança contribui para o desenvolvimento global do aluno.
Segundo NANNI (1995) a dança contribui
para o desenvolvimento das funções intelectuais como: atenção, memorização,
raciocínio, curiosidade, observação, criatividade, exploração, entendimento
qualitativo de situações e poder de crítica.
Tal afirmativa da autora só nos leva a
ressaltar que, a dança em seu caráter educativo pode trazer grandes
contribuições para o desenvolvimento da aprendizagem. Enfim, a dança pode
contribuir para um bom aprendizado, sem que seja necessário deixar de lado os
conteúdos programáticos, a mesma deverá estar voltada para o desenvolvimento da
auto-estima, confiança, motivação, elementos estes de suma importância para o
processo ensino aprendizagem.
Diante disso, é perceptível a
contribuição da dança como recurso pedagógico, visto que auxilia em diversas
áreas que são de suma importância para que o aluno construa o seu conhecimento.
FUX (1983) defende que a dança é um
instrumento que estimula a espontaneidade e a criatividade.
Nesta questão, é importante salientar
que a dança, enquanto prática pedagógica favorece o desenvolvimento do aluno,
tornando-o um sujeito capaz de pensar de maneira criativa, de expressar e se
comunicar com o mundo que o envolve de forma espontânea. O que também nos faz
observar a dança como uma forma natural de comunicação através da expressão
corporal.
Isso ainda nos faz refletir que, o
trabalho com a dança em sala de aula tem que estar sempre voltado para a
aprendizagem e não como uma forma de recreação. Porém, sempre estimulando a
liberdade do aluno, do contrário o mesmo ficará reprimido e não alcançará o
objetivo da aula.
De acordo com NANNI (1995) o movimento
corporal é de vital importância para o desenvolvimento da criança, pois através
de suas habilidades motoras ela expande seus conhecimentos.
Isso nos faz perceber que a partir do
momento em que o aluno se torna consciente de si e de suas capacidades, o mesmo
é capaz de se desenvolver e crescer, interagindo com o seu habitat, vivenciando
experiências através do próprio corpo.
A visão da autora nos faz pensar que o
corpo possui uma ligação interna, logo a mente está conectada aos movimentos.
Portanto, estimular os movimentos resultará na excitação da mente, que
automaticamente favorecerá no processo de aprendizagem.
De acordo com FREINET (1991), “infeliz
educação a que pretende, pela explicação teórica, fazer crer aos indivíduos que
podem ter acesso ao conhecimento pelo conhecimento e não pela experiência.
Produziria apenas doentes do corpo e do espírito, falsos intelectuais
inadaptados, homens incompletos e impotentes”.
Partindo desse pensamento, o professor
deve utilizar a dança como um recurso lúdico, capaz de enriquecer a
aprendizagem em diversas disciplinas, estimulando a aprendizagem de forma livre
e prazerosa, numa relação corpo e mente.
Estimular a aprendizagem de maneira
livre e prazerosa significa estimular de forma que desperte o interesse do
aluno, que o mesmo possa participar ativamente da atividade, e não de forma
autoritária e repressiva.
De acordo ainda com OSSONA (1988) é
necessário encarar o ensino da dança como uma atividade educativa, recreativa e
criativa. E ainda, é necessário um plano de ensino e um plano de realização.
Diante disso, observamos que para a
dança contribuir no processo ensino aprendizagem, é importante que antes,
possamos entendê-la como uma atividade educativa, capaz de auxiliar o
desenvolvimento global do aluno. Precisamos usar a dança em nossas atividades
pedagógicas, de forma a permitir ao aluno maior vivência corporal possível,
contribuindo assim com o seu desenvolvimento.
Para isso, a autora também ressalta a
necessidade de se estar preparado. A necessidade do professor ter uma educação
continuada e sempre preparar suas aulas com antecedência, enfim, ter o seu
plano de ensino, mesmo que no momento de execução do plano possa aparecer algo
fora do que se estava planejado. Tais atitudes, segundo a autora, também
contribuem para o processo ensino aprendizagem.
OSSONA (1988) ainda ressalta que
“nossas crianças são dotadas de enorme potencial psico-fisiológico, e nós somos
responsáveis pelo aprimoramento desse potencial”.
Nessa perspectiva, para que isso
ocorra, é fundamental que nossas atividades gerem sempre liberdade de expressão
e beneficiem o desenvolvimento motor do aluno. Devemos explorá-lo ao máximo,
tendo sempre o cuidado para não limitarmos e nem reprimirmos o seu
desenvolvimento.
De fato nossos alunos são dotados de
diversas habilidades e conhecimentos. Como professores cabe à nós aprimorá-los
de forma que os mesmos se desenvolvam e busquem ainda mais conhecimentos.
Ainda é importante ressaltar que a
dança, enquanto processo de aprendizagem contribui para a formação de um corpo
vivo, que além de ocupar espaço e ter formas, possui expressão, desejos e
interage com as coisas da natureza. OSSONA (1988)
Isso nos faz aprender que a dança
contribui para a formação de homens e mulheres mais conscientes da própria
vida, favorecendo o processo de aprendizagem dessa conscientização e de outras
mais pedagógicas.
Nessa perspectiva, a dança é de suma
importância na formação do sujeito enquanto cidadão crítico, reflexivo e
participativo.
Pode-se dizer então, que a dança
enquanto processo educacional, não se resume em colaborar com o ensino de
habilidades, mas sim, contribuir para o desenvolvimento das potencialidades
humanas e sua relação com o mundo, favorecendo assim também com o processo de
construção de conhecimento.
III. II – As dificuldades enfrentadas
pelo ensino da dança no processo de educação
Sabemos que a dança enquanto conteúdo
escolar está presente na educação, mas não como uma disciplina à parte, com
aula apenas de dança, ministradas por um profissional, cuja formação se dê na
Licenciatura de Dança. Mas sim, a dança está inserida nos espaços escolares
através das aulas de Educação Física e artes, como um recurso pedagógico, ou
até como uma forma de recreação.
STRAZZACAPPA (2001) diz que a dança
raramente está presente no ambiente escolar. Nessa perspectiva, podemos
perceber que a dança dificilmente é tratada na escola, porque esta área tem
encontrado problemas para ensinar tal conteúdo. São inúmeras as mazelas
encontradas no espaço educacional.
A dança, geralmente, é encontrada como
forma de espetáculo, apresentação, como uma arte. E não como um recurso
pedagógico de grande valia para a aprendizagem, o qual auxilia o processo de
construção do conhecimento, através da interação entre o corpo e a mente.
STRAZZACAPPA (2001) também constata
que a deficiência da dança no ambiente escolar na maioria das vezes se deve ao
despreparo do professor para realizar tal tarefa.
Diante disso podemos afirmar que
muitos professores utilizam a dança em suas aulas, porém não sabem exatamente o
que, como, ou ainda porquê ensinar, utilizar a dança na escola.
Podemos ainda afirmar que a dança vem
sendo trabalhada, sem que se tenha uma proposta de trabalho definida, e com
isso tem se comprometido o desenvolvimento do processo criativo que poderia
estar acontecendo nos espaços escolares.
De acordo com MARQUES (1990) algumas
das razões para a dança ser pouco compreendida enquanto área de conhecimento
são:
“a ignorância daquilo que pode ser
considerado dança, a falta de visão de que a dança não é necessariamente algo
academizado, a falta de experiência das pessoas no que diz respeito à dança,uma
concepção restrita de educação e, também, a dificuldade de lidar com o corpo
durante tantos séculos condenado ao profano e ao pecado”.
Nessa perspectiva, podemos constatar
que o ensino da dança tem sido ministrado sem nenhuma preocupação com relação o
seu real papel, falta conhecimento das pessoas no que diz respeito a dança,
falta uma proposta pedagógica adequada. Enfim a dança é trabalhada de forma
desordenada, encontramos assim, muitos problemas dentro do espaço educacional,
que automaticamente interferem no processo de educação.
Podemos constatar inúmeros problemas
da dança no espaço educacional, dentre os principais encontra-se a falta de
preparo e conhecimento dos professores, o preconceito, a dificuldade da
participação masculina em atividades dançantes.
(www.educacaofisica.com.br/biblioteca)
Diante disso compreendemos que a dança
no espaço escolar é até empregada, porém com muitas dificuldades, além de
muitas facetas. São inúmeros professores que vêm trabalhando com a dança no
espaço escolar sem que tenham basicamente tido experiências prática-teórica de
dança. Ou ainda são inúmeras as atividades de dança na escola que têm sido
utilizadas apenas como uma forma de recreação e não possuem nenhum cunho
pedagógico.
Ainda temos que enfrentar os inúmeros
preconceitos com relação a utilização da dança como prática pedagógica, muitos
responsáveis reclamam da prática por acreditarem ser exclusivamente feminina.
Com isso enfrentamos a falta de participação masculina em atividades rítmicas,
eles se sentem envergonhados diante da prática de dança, chegam a questionar se
isso afeta sua masculinidade. Logo a participação masculina na dança é nula, ou
quando não, é ridicularizada.
A metodologia de ensino inadequada,
relacionamento professor-aluno, desinteresse dos educadores, também são
problemas enfrentados pela dança no espaço educacional. (www.educacaofisica.com.br/biblioteca)
Nessa perspectiva, podemos observar
que o ensino de dança não possui uma metodologia de ensino adequada, visto que,
como já relatamos no presente estudo, o ensino da dança é muitas vezes
empregado como uma forma de recreação, sem que se tenha uma proposta de
aprendizagem.
Logo isso ressalta outro problema, que
é a falta de interesse dos educadores, muitos não se interessam em ter uma
prática pedagógica que desperte o interesse dos alunos em participar das aulas,
além da falta de interesse pela educação continuada, ou seja, estar sempre
buscando o novo, aprimorar seus conhecimentos, buscar atividades rítmicas
novas.
Podemos ainda relatar o problema da
relação professor-aluno, que se não empregada de uma maneira harmoniosa, com
interação, interfere diretamente no processo de aprendizagem. O professor
precisar ser visto pelo aluno como um mediador do conhecimento e não um
detentor autoritário, precisa despertar o interesse do aluno, sua criatividade,
para que a aprendizagem ocorra de maneira harmoniosa.
O ensino da dança encontra muita
dificuldade devido a ausência de significado sobre o seu real papel no espaço
escolar. (www.rc.unesp.br)
Nessa perspectiva, podemos perceber
que a omissão do real sentido do ensino da dança no espaço escolar favorece as
inúmeras dificuldades enfrentadas por esse ensino. A falta de embasamento
teórico, ou seja, objetivo, real proposta desse ensino, permitem que o trabalho
com a dança seja realizado de forma desinteressada, de qualquer maneira.
Logo isso, resultará em um trabalho
com defasagem, que automaticamente irá prejudicar o processo de aprendizagem. É
preciso que haja uma reflexão sobre quais os propósitos, finalidades e
objetivos do ensino da dança no espaço educacional.
Uma questão importante a ser
ressaltada é a formação dos professores que atuam na área de dança, visto que é
sem dúvida um ponto crítico no ensino desta arte no espaço educacional.
(www.rc.unesp.br)
Diante da ressalva, podemos refletir
que muitos professores não possuem nenhuma formação específica nesta arte, a
dança no espaço escolar tem sido trabalhada por professores com formação apenas
em magistério, pedagogia, ou ainda por professores de Educação Física. Logo os
mesmos não possuem conhecimentos técnicos com relação a arte, isso favorece
para que a dança seja trabalhada como uma forma de recreação ou esporte.
Diante disso, a solução seria que os
professores se conscientizassem e refletissem sobre a necessidade de uma
educação continuada, a necessidade de buscar embasamento teórico e meios
práticos de como trabalhar com a dança dentro do espaço pedagógico, de forma
que auxiliem na aprendizagem do seu aluno.
Portanto, a dança está presente de
alguma forma nas salas de aula. Precisamos realmente, trabalhar com a dança de
forma pedagógica e não utilizá-la como uma forma de diversão, entretenimento.
Diante disso devemos analisar, discutir e refletir sobre a função e o papel da
dança enquanto processo de educação.
CONSIDERAÇOES FINAIS
Com tudo o que foi exposto no presente
estudo, não há como opor-se que a dança contribui no processo ensino
aprendizagem. Por meio dessa arte adquiri-se um desenvolvimento gradativo, com
melhora no rendimento escolar, mudança positiva no comportamento, entre muitos
outros aspectos, devido à dança ser uma atividade completa que exercita corpo,
mente e alma. Por isso é necessário a introdução dessa arte nas escolas, a fim
de que as crianças tenham acesso à arte e à cultura.
O aprendizado por meio de atividades
como a dança, possibilita uma melhora significativa no comportamento social dos
alunos, além de desenvolver os aspectos cognitivos e motor, resultando na
formação de um cidadão ético, formador de suas opiniões e ideias.
Portanto, o educador deve ter uma
atitude consciente na busca de uma prática pedagógica mais coerente com a
realidade, como a dança, que leva o indivíduo a desenvolver sua capacidade
criativa numa descoberta pessoal de suas habilidades, contribuindo de maneira
decisiva para a formação de cidadãos críticos autônomos e conscientes de seus
atos, visando a uma transformação social.
Espera-se que essas reflexões levem a
novas ideias e discussões, sobretudo, do aprofundamento da dança, nos espaços
escolares enquanto um conteúdo importante para auxiliar
o desenvolvimento do processo ensino aprendizagem.
FONTE: http://monografias.brasilescola.com/educacao/a-importancia-danca-no-processo-ensino-aprendizagem.htm
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Superiores. Tradução: José Cipolla Neto, Luis Silveira Menna Barreto e
Solange Castro Afeche. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
ATIVIDADE:
A partir das leituras realizadas, responda:
1 - O que é dança para você?
2 - Você considera as propostas dos PCNs importantes para
elaboração de suas aulas? Por que?
3 - Quando terminar sua pós-graduação, você se sentia
apto para aplicar uma aula? Justifique sua resposta;
4 - Você trabalha ou já trabalhou dança nas suas aulas? Justifique
sua resposta.
5 - Tem alguma dificuldade para a implementação da dança
nas aulas. Quais?
6 – Segundo BEJART apud GARAUDY,1980, p.9 ‘’A dança é uma
das raras atividades humanas em que o homem se encontra totalmente engajado:
corpo, espírito e coração. A dança é um esporte (só que completo) [...] Dançar é tão importante para uma criança
quanto falar, contar ou aprender geografia.’’ Você concorda com o autor?
Justifique sua resposta.
SUGESTÃO DE LEITURA:
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