segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

CURSO DE METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR: 3 AULA - PRÁTICA DO ENSINO SUPERIOR


EMENTA:
Concepções de Currículo; Planejamento de Ensino

INTRODUÇÃO:
Há um desassossego no ar. Temos a sensação de estar na orla do tempo, entre um presente quase a terminar e um futuro que ainda não nasceu. O desassossego resulta de uma experiência paradoxal: a vivência simultânea de excessos de determinismos e de indeterminismo. Os primeiros residem na aceleração da rotina. As continuidades acumulam-se, a repetição acelera-se. A vivência da vertigem coexiste com a de bloqueamento. A vertigem da aceleração é também uma estagnação vertiginosa. Os excessos do indeterminismo residem na desestabilização das expectativas. A eventualidade de catástrofes pessoais e coletivas parece cada vez mais provável. A ocorrência de rupturas e de descontinuidades na vida e nos projetos de vida é o correlato da experiência de acumulação de riscos inseguráveis. A coexistência destes excessos confere ao nosso tempo um perfil especial, o tempo caótico onde ordem e desordem se misturam em combinações turbulentas. Os dois excessos suscitam polarizações extremas que, paradoxalmente, se tocam. As rupturas e as descontinuidades, de tão freqüentes, tornam-se rotina e a rotina, por sua vez, torna-se catastrófica”. (Boaventura Souza Santos, 2000)
O mundo contemporâneo trouxe uma série de mudanças na vida cotidiana das pessoas. As informações hoje circulam em tal nível de aceleração que se torna impossível pensar em obter-se domínio ou controle dos conhecimentos referentes a um fato qualquer. Mas, nos séculos XVII e XVIII, o conhecimento produzido na ciência levou-nos a crer neste domínio ou controle sobre os fatos descobertos ou anunciados. Neste momento da história enxergava-se um mundo “mutável”, porém com certas restrições, ou seja, as mudanças poderiam acontecer mediante uma regularidade na natureza e na sociedade, confinada a previsões, cálculos e precisões. A previsibilidade fundamentava as transformações. E estas trariam o progresso consigo. Mas um progresso calcado no desenvolvimento e no aperfeiçoamento da técnica e sua manipulação.
Os estudos científicos voltaram-se para as descobertas cada vez mais valorizadas na área de produção de artefatos de consumo que contribuíssem e facilitassem a sobrevivência humana. Entretanto, todo este movimento de conquistas científicas esqueceu-se de fundamentar suas produções na verdadeira essência da vida: o próprio ser humano constituído no conjunto afetivo, social e principalmente capaz de deliberação, e não nos artefatos de uso e consumo imediatos.
Este frenético desenvolvimento técnico mobilizou toda a economia vigente na época e juntamente com a crença do poder racional do homem sobre as coisas alargou os campos de atuação destes domínios sobre todos os aspectos que constituíam a vida. Nesta extensão da ciência sobre os campos da vida humana, surge na área da administração uma teoria que se incumbiu de aperfeiçoar os processos de produção dos objetos, isto significava a possibilidade de controle cada vez mais eficiente e eficaz sobre o produto, além de aumentar a quantidade a ser oferecida para aquisição nos mercados. É a Teoria de Sistemas, trazendo como ideia-chave o fato de que “tudo” é um processo, constituído de partes, que, se bem controlada, cuidada, pensada e repensada, poderia dar conta do melhor produto, com maior quantidade em menos tempo.

FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA “AÇÃO-PLANEJAR”NA EDUCAÇÃO
Hoje, vivemos na busca de condições que privilegiem a “melhor forma” do homem existir no mundo, ainda não temos certeza da “melhor forma”, e quem sabe se a teremos ou não? Parecendo, assim, que há uma incerteza sobre as relações construídas até os dias de hoje para edificar as ideias humanas e sua existência. Há um imperativo que ouvimos a todo instante: “estamos em uma crise de valores”. E surgem os questionamentos: Sabe este homem o que quer, e para fazer o que, e para onde vai?
Essas ideias refletem-se diretamente na educação. Porque é na educação que encontramos a herança cultural, histórica, econômica, política e social do homem, ou seja, a educação como forma de transmitir toda carga de vida da sociedade humana às futuras gerações, possibilitando as condições de sobrevivência da humanidade, mesmo que ela não seja o único motor para tal incumbência.
A educação, nos diz Dewey, é um processo social dinâmico onde se organizam e reorganizam experiências pelas quais se dá sentido e se habilita para direcionar o curso das ideias.
Podemos dizer que o dinamismo sugerido por Dewey está presente na educação, gerando uma “educação complexa” – pela variedade de ideias – que está apoiada no aumento da informação (trazida pelo desenvolvimento tecnológico e científico).
Esta informação causa uma mudança acelerada na vida do homem em seus costumes, tradições e instituições; ao mesmo tempo que induz o homem a agir com rapidez e a comprometer-se com o momento, abrindo-se intelectualmente para adquirir condições de fazer frente às NOVAS SITUAÇÕES da vida.
Diante deste fato, não só foi necessário como se luta hoje para se atribuir à educação a pretensão de que ela seja oferecida a TODOS em igualdade de condições, ou seja, que todos tenham oportunidade de progredir e desenvolver suas potencialidades – na ideia de igualdade e sociedade justa. Então, se todos hoje devem receber a melhor educação possível, se faz necessário e essencial que esta educação/ensino seja constituída do máximo de eficiência e eficácia. Atribuindo-se aos professores e demais profissionais da educação envolvidos neste processo a preparação adequada nas instâncias técnicas e pessoais. Estes profissionais e professores devem estar preparados para exercer o PLANEJAMENTO, projetando, atualizando-se, informando-se e, principalmente, acompanhando a dinâmica do processo.
Podemos, assim, pensar em preparar o homem para viver a época de mudanças e rupturas bruscas, difíceis de serem previstas, onde participar é a forma de se colocar de maneira direta e intensiva como protagonista de seu mundo. As escolas, como instituição responsável pela organização sistematizada do processo educativo em sua essência, agora estão postas frente à necessidade de acompanhar o mundo, tornando sua dinâmica aberta, flexível e atualizada. Incorporando, assim, as características da empresa, em seu modo de realização da tarefa educativa, aproximando-se, “organizacionalmente”, da estrutura da Teoria de Sistemas, traçando a trajetória até os Programas de Qualidade Total em Educação.

 CURRÍCULO

Este tipo de planejamento visa formular os objetivos educacionais a partir dos guias curriculares oficiais: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (no 9.394/96), Decretos, Pareceres, Resoluções e Deliberações sobre a educação nas instâncias de ação; seja Federal, Estadual ou Municipal e os PCN`s (Ensino Fundamental e Médio).
Porém, na escola, não se deve apenas seguir o que está prescrito pelos órgãos oficiais, deve-se buscar a autonomia de interpretar e operacionalizar o que está menos determinado. É na instância escolar que são feitas as adaptações às situações concretas, a seleção das experiências significativas para aquela comunidade no sentido de alcançar os objetivos de ensino.
A fundamentação teórica, calcada na dinâmica atual da educação, nos fornece uma nova perspectiva de construção do planejamento curricular, conceituando-o atualmente da seguinte forma: “Currículo é tudo o que acontece na vida de uma criança, na vida de seus pais e professor. Tudo o que cerca o aluno, em todas as horas do dia, constitui matéria para o currículo”. (Sperb, D. 1982, p. 64)
Vejamos outras definições de currículo:
Currículo significa muito mais que o conteúdo a ser aprendido – significa toda a vida escolar da criança. Um programa de ensino só se transforma em currículo após as experiências que a criança vive em torno do mesmo”. (Rego, M. S. e outros. Ensinando a criança, In: Reis, A, e Joullié, 1982, p. 64)

Do que vimos até aqui sobre Currículo, podemos concluir o seguinte:
a)            tradicionalmente, currículo tem significado as matérias ensinadas na escola ou a programação de estudos;
b)            a tendência, nas décadas recentes, tem sido a de usar o termo currículo num sentido mais amplo, para referir-se à vida e a todo o programa da escola, inclusive à atividade extraclasse.
No Planejamento do Currículo, considerando que o currículo é a soma de experiências vividas pelos alunos de uma escola, é fácil concluir que o planejamento do currículo é o planejamento dessas experiências. Cada escola deve elaborar o seu planejamento de currículo com a participação de todos aqueles que direta ou indiretamente estão ligados à dinâmica do processo educativo: diretor, supervisor pedagógico, orientador educacional e professores. Juntos definirão os objetivos finais, o conteúdo básico e delinearão os métodos e as estratégias de avaliação, pesquisando ainda os recursos que poderão utilizar.
Considerando a realidade de cada escola, as sugestões apresentadas pelo Conselho Estadual de Educação, baseadas nas diretrizes que emanam do Conselho Federal de Educação e que refletem a política educacional expressa na Constituição, são as seguintes:
·               relação das matérias que podem construir a parte diversificada numa nova tentativa de atender peculiaridades locais;
·               normas de avaliação e recuperação de alunos.
O quadro abaixo apresenta o esquema da relação entre os níveis do planejamento e suas competências.

 

ATIVIDADE:
Vive-se momentos de grandes transformações e avanços tecnológicos, a globalização rompendo fronteiras. Estamos na era denominada era da informação, nesse cenário de grandes mudanças precisamos estar preparados para lidar com as diversas formas de conceitos educacionais, conceitos esses que direcionam os caminhos pelos quais segue a educação.
Nesse cenário os cursos de nível superior têm ganhando grande ênfase, sendo que  75% das vagas em cursos superiores estão nas instituições privadas. Diante da grande incidência dos cursos urge a necessidade de verificar se os currículos das instituições de nível superior estão preparadas para lidar com esse novo contexto. A parti das leituras sugeridas elabore um texto com o tema: Prática de ensino nos cursos de nível superior - Possibilidades e Fragilidades. No mínimo 3 laudas.

SUGESTÃO LEITURA:

SUGESTÃO VÍDEO:

BIBLIOGRAFIA:
BLOOM, B. S. Taxionomia dos objetivos educacionais. Porto Alegre: Globo, 1972.
BORDENAVE, Juan Díaz. Estratégias de ensino-aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 1998.
CANDAU, Vera Maria (org). Rumo a uma nova didática. Petrópolis: Vozes, 1996.
COARACY, Joanna. O planejamento como processo. Brasília: Revista Educação, 1972.
DÍEZ-HOCHLEITNER, R. Planeamiento de La Educacion. In: Aspectos sociales y económicos del planeamiento de la educación. UNESCO, Paris: UNESCO, 1965.
FERREIRA, Francisco W. Planejamento sim e não: um modo de agir num mundo em permanente mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
GANDIN, Danilo. Temas para um projeto político-pedagógico. Petrópolis: Vozes, 1999.
 ______________. Planejamento como prática educativa. São Paulo: Loyola, 1997.
GRACINDO, Regina Vinhaes. Estado, sociedade e gestão da educação: novas prioridades, novas palavras-de-ordem e novos velhos problemas. In: Revista Brasileira de política e administração da educação. Brasília: RBPAE, 1987.
PILETTI, Caludino. Didática Geral. São Paulo: Ática, 2000.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org). Repensando a didática. Campinas: Papirus, 1992.
VIANNA, Ilca O de A. Planejamento participativo na escola: um desafio ao educador. São Paulo: EPU, 1986.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

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