EMENTA:
Concepções
de Currículo; Planejamento de Ensino
INTRODUÇÃO:
Há um desassossego
no ar. Temos a sensação de estar na orla do tempo, entre um presente quase a
terminar e um futuro que ainda não nasceu. O desassossego resulta de uma
experiência paradoxal: a vivência simultânea de excessos de determinismos e de
indeterminismo. Os primeiros residem na aceleração da rotina. As continuidades
acumulam-se, a repetição acelera-se. A vivência da vertigem coexiste com a de
bloqueamento. A vertigem da aceleração é também uma estagnação vertiginosa. Os
excessos do indeterminismo residem na desestabilização das expectativas. A
eventualidade de catástrofes pessoais e coletivas parece cada vez mais
provável. A ocorrência de rupturas e de descontinuidades na vida e nos projetos
de vida é o correlato da experiência de acumulação de riscos inseguráveis. A
coexistência destes excessos confere ao nosso tempo um perfil especial, o tempo
caótico onde ordem e desordem se misturam em combinações turbulentas. Os dois
excessos suscitam polarizações extremas que, paradoxalmente, se tocam. As
rupturas e as descontinuidades, de tão freqüentes, tornam-se rotina e a rotina,
por sua vez, torna-se catastrófica”. (Boaventura Souza Santos, 2000)
O
mundo contemporâneo trouxe uma série de mudanças na vida cotidiana das pessoas.
As informações hoje circulam em tal nível de aceleração que se torna impossível
pensar em obter-se domínio ou controle dos conhecimentos referentes a um fato
qualquer. Mas, nos séculos XVII e XVIII, o conhecimento produzido na ciência
levou-nos a crer neste domínio ou controle sobre os fatos descobertos ou
anunciados. Neste momento da história enxergava-se um mundo “mutável”, porém
com certas restrições, ou seja, as mudanças poderiam acontecer mediante uma
regularidade na natureza e na sociedade, confinada a previsões, cálculos e
precisões. A previsibilidade fundamentava as transformações. E estas trariam o progresso
consigo. Mas um progresso calcado no desenvolvimento e no aperfeiçoamento da
técnica e sua manipulação.
Os
estudos científicos voltaram-se para as descobertas cada vez mais valorizadas
na área de produção de artefatos de consumo que contribuíssem e facilitassem a
sobrevivência humana. Entretanto, todo este movimento de conquistas científicas
esqueceu-se de fundamentar suas produções na verdadeira essência da vida: o
próprio ser humano constituído no conjunto afetivo, social e principalmente capaz
de deliberação, e não nos artefatos de uso e consumo imediatos.
Este
frenético desenvolvimento técnico mobilizou toda a economia vigente na época e
juntamente com a crença do poder racional do homem sobre as coisas alargou os
campos de atuação destes domínios sobre todos os aspectos que constituíam a
vida. Nesta extensão da ciência sobre os campos da vida humana, surge na área
da administração uma teoria que se incumbiu de aperfeiçoar os processos de
produção dos objetos, isto significava a possibilidade de controle cada vez
mais eficiente e eficaz sobre o produto, além de aumentar a quantidade a ser
oferecida para aquisição nos mercados. É a Teoria de Sistemas, trazendo como
ideia-chave o fato de que “tudo” é um processo, constituído de partes, que, se
bem controlada, cuidada, pensada e repensada, poderia dar conta do melhor
produto, com maior quantidade em menos tempo.
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA
“AÇÃO-PLANEJAR”NA EDUCAÇÃO
Hoje,
vivemos na busca de condições que privilegiem a “melhor forma” do homem existir
no mundo, ainda não temos certeza da “melhor forma”, e quem sabe se a teremos
ou não? Parecendo, assim, que há uma incerteza sobre as relações construídas
até os dias de hoje para edificar as ideias humanas e sua existência. Há um
imperativo que ouvimos a todo instante: “estamos em uma crise de valores”. E
surgem os questionamentos: Sabe este homem o que quer, e para fazer o que, e
para onde vai?
Essas
ideias refletem-se diretamente na educação. Porque é na educação que
encontramos a herança cultural, histórica, econômica, política e social do
homem, ou seja, a educação como forma de transmitir toda carga de vida da
sociedade humana às futuras gerações, possibilitando as condições de
sobrevivência da humanidade, mesmo que ela não seja o único motor para tal incumbência.
A
educação, nos diz Dewey, é um processo social dinâmico onde se organizam e
reorganizam experiências pelas quais se dá sentido e se habilita para
direcionar o curso das ideias.
Podemos
dizer que o dinamismo sugerido por Dewey está presente na educação, gerando uma
“educação complexa” – pela variedade de ideias – que está apoiada no aumento da
informação (trazida pelo desenvolvimento tecnológico e científico).
Esta
informação causa uma mudança acelerada na vida do homem em seus costumes,
tradições e instituições; ao mesmo tempo que induz o homem a agir com rapidez e
a comprometer-se com o momento, abrindo-se intelectualmente para adquirir
condições de fazer frente às NOVAS SITUAÇÕES da vida.
Diante
deste fato, não só foi necessário como se luta hoje para se atribuir à educação
a pretensão de que ela seja oferecida a TODOS em igualdade de condições, ou
seja, que todos tenham oportunidade de progredir e desenvolver suas
potencialidades – na ideia de igualdade e sociedade justa. Então, se todos hoje
devem receber a melhor educação possível, se faz necessário e essencial que
esta educação/ensino seja constituída do máximo de eficiência e eficácia.
Atribuindo-se aos professores e demais profissionais da educação envolvidos
neste processo a preparação adequada nas instâncias técnicas e pessoais. Estes
profissionais e professores devem estar preparados para exercer o PLANEJAMENTO,
projetando, atualizando-se, informando-se e, principalmente, acompanhando a
dinâmica do processo.
Podemos,
assim, pensar em preparar o homem para viver a época de mudanças e rupturas
bruscas, difíceis de serem previstas, onde participar é a forma de se colocar de
maneira direta e intensiva como protagonista de seu mundo. As escolas, como
instituição responsável pela organização sistematizada do processo educativo em
sua essência, agora estão postas frente à necessidade de acompanhar o mundo,
tornando sua dinâmica aberta, flexível e atualizada. Incorporando, assim, as
características da empresa, em seu modo de realização da tarefa educativa,
aproximando-se, “organizacionalmente”, da estrutura da Teoria de Sistemas,
traçando a trajetória até os Programas de Qualidade Total em Educação.
CURRÍCULO
Este
tipo de planejamento visa formular os objetivos educacionais a partir dos guias
curriculares oficiais: Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (no 9.394/96), Decretos, Pareceres,
Resoluções e Deliberações sobre a educação nas instâncias de ação; seja
Federal, Estadual ou Municipal e os PCN`s (Ensino Fundamental e Médio).
Porém, na escola, não se deve apenas seguir o que
está prescrito pelos órgãos oficiais, deve-se buscar a autonomia de interpretar
e operacionalizar o que está menos determinado. É na instância escolar que são
feitas as adaptações às situações concretas, a seleção das experiências
significativas para aquela comunidade no sentido de alcançar os objetivos de
ensino.
A fundamentação teórica, calcada na dinâmica atual
da educação, nos fornece uma nova perspectiva de construção do planejamento
curricular, conceituando-o atualmente da seguinte forma: “Currículo é tudo o
que acontece na vida de uma criança, na vida de seus pais e professor. Tudo o
que cerca o aluno, em todas as horas do dia, constitui matéria para o
currículo”. (Sperb, D. 1982, p. 64)
Vejamos
outras definições de currículo:
Currículo
significa muito mais que o conteúdo a ser aprendido – significa toda a vida
escolar da criança. Um programa de ensino só se transforma em currículo após as
experiências que a criança vive em torno do mesmo”. (Rego, M. S. e outros.
Ensinando a criança, In: Reis, A, e Joullié, 1982, p. 64)
Do que vimos até aqui sobre Currículo, podemos
concluir o seguinte:
a)
tradicionalmente, currículo tem
significado as matérias ensinadas na escola ou a programação de estudos;
b)
a tendência, nas décadas recentes, tem
sido a de usar o termo currículo num sentido mais amplo, para referir-se à vida
e a todo o programa da escola, inclusive à atividade extraclasse.
No Planejamento do Currículo, considerando que o
currículo é a soma de experiências vividas pelos alunos de uma escola, é fácil
concluir que o planejamento do currículo é o planejamento dessas experiências.
Cada escola deve elaborar o seu planejamento de currículo com a participação de
todos aqueles que direta ou indiretamente estão ligados à dinâmica do processo
educativo: diretor, supervisor pedagógico, orientador educacional e
professores. Juntos definirão os objetivos finais, o conteúdo básico e
delinearão os métodos e as estratégias de avaliação, pesquisando ainda os
recursos que poderão utilizar.
Considerando a realidade de cada escola, as
sugestões apresentadas pelo Conselho Estadual de Educação, baseadas nas
diretrizes que emanam do Conselho Federal de Educação e que refletem a política
educacional expressa na Constituição, são as seguintes:
·
relação das matérias que podem construir
a parte diversificada numa nova tentativa de atender peculiaridades locais;
·
normas de avaliação e recuperação de
alunos.
O
quadro abaixo apresenta o esquema da relação entre os níveis do planejamento e
suas competências.
ATIVIDADE:
Vive-se momentos de
grandes transformações e avanços tecnológicos, a globalização rompendo
fronteiras. Estamos na era denominada era da informação, nesse cenário de
grandes mudanças precisamos estar preparados para lidar com as diversas formas
de conceitos educacionais, conceitos esses que direcionam os caminhos pelos
quais segue a educação.
Nesse cenário os
cursos de nível superior têm ganhando grande ênfase, sendo que 75% das vagas em cursos superiores estão nas instituições privadas. Diante
da grande incidência dos cursos urge a necessidade de verificar se os currículos
das instituições de nível superior estão preparadas para lidar com esse novo
contexto. A parti das leituras sugeridas elabore um texto com o tema: Prática de
ensino nos cursos de nível superior - Possibilidades e Fragilidades. No mínimo 3 laudas.
SUGESTÃO LEITURA:
SUGESTÃO VÍDEO:
BIBLIOGRAFIA:
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BORDENAVE, Juan Díaz. Estratégias de
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Petrópolis: Vozes, 1998.
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FERREIRA, Francisco W. Planejamento sim e não: um modo de agir num
mundo em permanente mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
GANDIN, Danilo. Temas para um projeto político-pedagógico.
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como prática educativa. São Paulo: Loyola, 1997.
GRACINDO, Regina Vinhaes. Estado, sociedade e gestão da educação:
novas prioridades, novas palavras-de-ordem e novos velhos problemas. In: Revista Brasileira de política e
administração da educação. Brasília: RBPAE, 1987.
PILETTI, Caludino. Didática Geral. São Paulo: Ática, 2000.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro
(org). Repensando a didática.
Campinas: Papirus, 1992.
VIANNA, Ilca O de A. Planejamento participativo na escola: um
desafio ao educador. São Paulo:
EPU, 1986.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
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